terça-feira, 26 de abril de 2016

Aponta pra fé e rema


Toda segunda-feira a gente faz tudo igual: tem reunião de equipe, a chefe fala, faz alinhamentos, a gente faz pergunta, depois cada um fala, apresenta projetos, os outros fazem pergunta. Há um ano e sete meses, desde que mudei - quase radicalmente - de emprego, essa tem sido a rotina de todo início de semana. Mas ontem a reunião foi diferente. Quase no fim, uma colega anunciou a gravidez. Que alegria! Abraços, sorrisos, "é menino ou menina?", "mas eu nem desconfiei", "você nem está barriguda". Um momento genuinamente feliz num ambiente às vezes duro e frio, muitas vezes corrido, que é uma empresa.

E eu fico genuinamente feliz mesmo. Mas momentos como esses também são difíceis para alguém que tenta engravidar há tanto tempo. É um paradoxo difícil de traduzir, que só quem passa por isso é capaz de entender. Porque há anos sonho com o dia em que vamos contar para nossos pais, irmãos e familiares que conseguimos engravidar, imagino como darei a notícia para minhas amigas, penso em como farei para esconder a gravidez nos três primeiros meses no trabalho e como será quando eu finalmente revelar a gestação. Consigo até sentir o meu alívio quando puder contar para todo mundo o sofrimento que enfrentamos, os exames invasivos que tive que fazer, a medicação sem fim que tomei, os processos dolorosos física e emocionalmente que tivemos que encarar.

Quando eu puder falar que não, não é só a mulher com mais de 38 anos que pode ter dificuldade para engravidar, que mulheres mais jovens também podem passar por isso. Que a mulher deve falar com sua ginecologista sobre ter filhos e ser informada sobre infertilidade feminina e masculina. O homem também. E casais homossexuais e transgêneros. Eu já escrevi sobre isso no primeiro post que fiz pra esse blog.

Às vezes me dá uma canseira e uma vontade de falar. "O exame que eu precisei fazer hoje foi, na verdade, uma coleta de óvulos para fertilização in vitro". "Não vou levar o computador pra casa porque não posso carregar peso". "Na quinta-feira vou sair mais cedo pra almoçar porque preciso fazer um exame Beta HCG para saber se estou grávida". Mas se o mercado de trabalho ainda não está totalmente preparado para grávidas e mães, imagina para aspirantes a gestantes... Enfim, desabafos.

Neste D11, os sintomas não mudaram, continuam super leves: cólicas fracas e intermitentes, pontadas de dor de cabeça, muuuuito sono. Senti às vezes um pouco de tontura (não sei se pode ser coisa da minha cabeça) e ontem marido achou que eu estava muito quente. Nem dei bola, mas hoje eu achei também e acabei de ver que minha temperatura está 36.8. Não sei se isso pode significar alguma coisa. Sigo tomando a medicação diária e procurando me alimentar bem - hoje foi a única vez que tomei café nos últimos doze dias, o que pra mim é uma baita conquista! Apontando pra fé e remando...

Arte de Alex Dukal

9 comentários:

  1. Nossa to ansiosa! O teste será amanhã??
    Super na torcida e pirando de ansiedade aqui.
    Beijoooo

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  2. oi, oi!
    Passando para agradecer o carinho e para dizer que estou torcendo junto.
    Super concordo que o mercado de trabalho, sobretudo em determinadas áreas, ainda não está preparado para mulheres de um modo geral. Mas a gente vai em frente, conquistando direitos e respeito, unidas.
    bjs

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  3. To muito....muito na torcida...mesmo!
    Beijos

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  4. Que Deus abençoe e dê tudo certo!

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  5. aiiii essa temperatura ai tá alta ein!!!!
    Ótimo sinal...
    vai fazer o teste quando???
    é hoje? isso mesmo?
    bjsss

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