sábado, 25 de junho de 2016

Ciclo interrompido

Depois do início na terça-feira, segui com a medicação na quarta, quinta e sexta. O acertado é que tomaria esses quatro dias e faria uma ultra hoje, sábado, para ver como prosseguir. O exame estava marcado para as 9h30, mas atrasou quase uma hora.

A médica começou vendo que o endométrio estava pequeno ainda, o que é normal para essa etapa, mas começando a ficar trilaminar. No ovário direito, ela viu três folículos, sendo dois muito pequenos, de menos de 3mm e um de 4mm.

Ovário esquerdo acima e direito abaixo
Quando ela passou para o ovário esquerdo, eu logo vi na tela uma bolona preta gigante e pensei "putz, parece um folículo que cresceu demais". E ela confirmou: ovário esquerdo com seis formações foliculares de 16mm, 8mm, 6mm, 4mm e 3mm (2). Fiquei feliz com o resultado de nove folículos, mas bastante preocupada com o maior de todos.  A diferença de tamanho estava muito grande.

Passei o resultado pra clínica de SP e uma hora depois recebi uma ligação de uma médica de lá, a pedido do meu médico, dizendo que o resultado do exame hoje não foi satisfatório e que eles não achavam que deveríamos prosseguir com a estimulação nesse ciclo. Porque o folículo maior provavelmente ia atingir o tamanho ideal muito antes dos demais e, assim, quando fosse a hora da punção acabaríamos tendo só esse para trabalhar, já que os outros não acompanhariam o crescimento deste.

Faz sentido. E eu já sabia que deveria ser essa a recomendação assim que a médica da ultra falou da discrepância dos tamanhos. Fiquei bastante frustrada, claro, mas menos triste do que achei que ficaria. Estou com uma expectativa de que, para o próximo ciclo, o médico faça alguma sugestão de alteração que possa evitar o crescimento discrepante dos folículos. Poxa, se eu conseguir ter nove folículos no próximo de novo vai ser muito bom.

Não é a primeira vez que tenho um ciclo interrompido. Na primeira clínica, depois de sete dias de medicação, somente um folículo cresceu e o médico preferiu não seguir. Depois, iniciei a preparação com promogyna, mas ovulei naturalmente e também interrompi. E na última clínica tive que adiar o início por conta de um cisto que apareceu.

Tudo isso para dizer que é preciso muita resiliência, habilidade que venho aprendendo na marra. E paciência também: se o médico decidir recomeçar no próximo, é provável que eu precise esperar a próxima menstruação, prevista só pro dia 17 de julho, daqui a longínquos 22 dias. Pode parecer pouco, mas é uma infinidade de tempo, até mesmo pra quem já espera há 1.272 dias.

terça-feira, 21 de junho de 2016

D1 e D2: esse é só o começo

Foi dada a largada. Hoje, segundo dia do ciclo, às 8h, tomei um comprimido de Serophene. Às 20h, tomei o segundo e fizemos a primeira medicação injetável. O médico paulistano receitou uma dose para os primeiros dias de 225Ui de Menopur: ou seja, três caixas por dia, até sexta-feira.


O Serophene é citrato de clomifeno, que induz a ovulação, enquanto o Menopur contém FSH + LH, que por sua vez estimulam o crescimento folicular. O protocolo está bastante diferente do meu ciclo anterior, quando tomei somente 1 ampola de Menopur + 1 de gonal por dia. Tenho esperança de que essa dose maior de Menopur faça meus ovários trabalharem direitinho. Lembrando que essa medicação prescrita é para o meu caso específico. Até mesmo mulheres com baixa reserva ovariana como eu podem precisar de estímulos diferentes, por isso, reforço mais uma vez: é sempre necessário consultar um médico antes de tomar todo e qualquer remédio. Automedicação nunca!

O médico com quem fizemos as três primeiras FIVs nunca nos receitou Menopur. Fomos conhecer esse remédio na quarta FIV. E todos os dias fiquei tensa porque o dissolvente, que precisa ser misturado ao pó do remédio, vem num vidrinho que tem que ser quebrado. Isso mesmo: tem que quebrar um vidro que nem esse moço demonstra nesse vídeo do YouTube! E sempre fico com medo de me cortar, de quebrar a ampola inteira e desperdiçar o (muito caro) remédio, de cair um pedaço de vidro na ampola e eu aspirar com a seringa. O que nunca aconteceu, que fique claro. Mas eu já tenho fobia de agulha, ainda teve que juntar vidro quebrado...!

Jamais vou me convencer de que uma ampola de vidro é a melhor forma de armazenar um diluente - até porque já vi outras formas muito mais fáceis. Mas a sorte é que marido desenvolveu uma técnica de quebra de vidros - não tão profissa quanto a do enfermeiro do YouTube - e hoje eu fiquei bem menos nervosa do que nos ciclos anteriores com esse maldito vidro. Porque a verdade é que foi bem tranquilo.

Espero seguir assim até sábado, quando faremos nova ultra para ver a evolução e decidir como seguiremos. O médico se mostrou um pouco preocupado com a dosagem de FSH, que segundo ele está um pouquinho abaixo do limite com o qual a clínica trabalha (de 15mUI/mL). Esses foram meus resultados hormonais do exame feito ontem, no dia 1 do ciclo.

FSH: 14,2 mUI/mL
ESTRADIOL: 21,3 pg/mL
PROGESTERONA: 0,33 ng/mL
PROLACTINA: 17,7 ng/mL

Comparei com os anteriores e não cheguei a nenhuma conclusão, porque variou bastante. Então me resta esperar torcer para que a próxima dosagem seja um pouco melhor.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

De novo tudo novo de novo - contando folículos

Como minha menstruação demorou a aparecer, o médico pediu que eu fizesse um ultrassom na sexta-feira, 17. O exame indicou um endométrio que ainda iria descamar. Ou seja: minha menstruação estava por vir.

Isso significa que o regulador de menstruação simplesmente não teve efeito nenhum. Meu ciclo seguiu como se eu não tivesse tomado nada e minha menstruação veio hoje, após um ciclo super normal de 27 dias - minha média é de 26 dias. Por sorte hoje estava fazendo home office, então consegui correr para fazer uma ultra e um exame de sangue.

A médica que fez o exame viu cinco folículos no ovário esquerdo e uma indicação de que, no ciclo passado, ovulei deste mesmo ovário. O ovário direito, como já era de se esperar, está zerado e diminuído. Tudo indica que ele realmente está parando de funcionar. Fui resgatar o histórico de cada um dos ciclos anteriores para comparar o início.

1º ciclo de FIV
Março 2015 > 2 folículos do lado esquerdo e 4 do lado direito.
Punção > 5 folículos foram aspirados, mas só 3 continham óvulos > 1 embrião.

2º ciclo de FIV
Abril 2015 > 2 folículos do lado esquerdo e 3 do lado direito.
Punção > 4 folículos foram aspirados, contendo dois óvulos > 1 embrião.

3º ciclo de FIV (interrompido)
Abril 2015 > 2 ou 3 folículos no ovário esquerdo e 1 no ovário direito.
Ciclo interrompido pois só um folículo evoluiu.

4º ciclo de FIV
Maio 2015 > 5 folículos do lado esquerdo e 2 do lado direito.
Punção > Dois folículos com óvulos foram aspirados > 2 embriões.

5o ciclo de FIV
Abril 2016 >  2 folículos no ovário esquerdo e 1 no direito.
Punção > 3 folículos aspirados, somente 1 óvulo > 1 embrião.

Nosso melhor ciclo, aquele no qual obtivemos dois embriões, foi o que começou com cinco folículos do lado esquerdo, em maio do ano passado. Comparando com nosso ciclo mais recente, de abril deste ano, cinco folículos é quase o dobro do que tivemos. Será que estamos começando bem? Espero que sim.

Claro que esqueci que precisava fazer exame de sangue hoje também, além do ultrassom. Só me lembrei quando já tinha voltado pra casa. Então terminei minha jornada de trabalho e saí de novo para colher FSH, estradiol, progesterona e prolactina. Sorte que o laboratório funcionava até 17h30.

Marido, por sua vez, saiu do trabalho e foi até a farmácia comprar o primeiro lote de medicação para essa semana: 12 caixas de Menopur e 1 de Serophene. Começamos amanhã.  De novo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Regulador de menstruação

Time to take your pills!

Depois do post apavorado, venho relatar que ontem mandei um e-mail pro médico paulistano e ele respondeu...ontem mesmo! Nem acreditei. Tirou todas as minhas dúvidas e eu fiquei deveras aliviada. Que siga assim.

Agora estou esperando a menstruação resolver aparecer para dar início ao novo ciclo de FIV. Como já tinha contado, comecei no 3o dia do ciclo (26/5) a tomar o Cicloprimogyna, que é um remédio conhecido como regulador de menstruação. A cartela de Cicloprimogyna tem 21 comprimidos, sendo 11 brancos e 10 pardo-avermelhados (é assim que tá na bula), que contêm dois tipos de hormônios: estrogênio e progesterona, respectivamente. É principalmente uma terapia de reposição hormonal para quem está na menopausa, mas é também usado para tratar alterações do ciclo menstrual.

Tomei 17 comprimidos
Não é o meu caso. Sempre tive ciclos regulares, curtos, mas regulares, de 26 dias em média. O médico paulistano passou esse remédio porque ele permite, como o nome sugere, regular a menstruação e a carga hormonal. O estrogênio serve para ajudar os folículos a se desenvolverem e o endométrio a engrossar. Já a progesterona contribui para a implantação do embrião no útero. Vi inúmeros relatos de mulheres que conseguiram engravidar naturalmente após um ou mais ciclos usando o Cicloprimogyna. Achei poucos relatos de uso para FIV.

Importante lembrar que esse remédio não é contraceptivo. O médico disse que poderia ter me passado uma pílula anticoncepcional tradicional para esse período pré-FIV, mas que prefere a Cicloprimogyna por ser menos sintética. E só para reforçar: é um remédio que não deve nunca ser usado sem prescrição médica.

Além disso, o uso controlado permite programar o início do novo ciclo, o que no nosso caso seria fundamental, já que teremos que ir do Rio para São Paulo.

Para mim os mais importantes eram os comprimidos brancos (de estrogênio), já que não farei a implantação nesse ciclo - o planejado é que o embrião seja biopsiado e congelado, então não há motivo pra se preocupar com implantação embrionária agora. Por isso, o médico pediu que parasse o Cicloprimogyna no sábado, após 17 dias de medicação. Pelos cálculos dele, parando no sábado eu menstruaria dentro de dois ou três dias, ou seja, até terça-feira. Ele previu que eu ficaria menstruada na segunda, 13, e já iniciaria a programação para a FIV na terça, 14, que era ontem.

Mas hoje é quarta-feira, dia 15, já tem quatro dias que parei o remédio e ainda não fiquei menstruada. Então está rolando aquela palavra que não sai jamais do vocabulário de uma tentante: ansiedade. E um pouquinho de preocupação. A bula diz que "alguns dias após a ingestão da última drágea, geralmente ocorre sangramento semelhante à menstruação". Não especifica quantos dias, então acredito que até amanhã deva ficar menstruada. Se amanhã não vier, falarei com o médico pra perguntar se isso é normal.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Apertem os cintos, o médico sumiu!



Eu contei que fui pra São Paulo e voltei animada com o novo médico, a promessa de um dos melhores laboratórios da América Latina, o protocolo de implantar apenas blastocisto etc. Pois então. A animação começou a se transformar em ansiedade e, pouco depois, em angústia, nervoso e desespero quando a comunicação à distância se mostrou bastante difícil. Vejam bem: estou no Rio de Janeiro e ele em São Paulo, são alguns quilômetros de distância, mas ficou parecendo que eu estava na Nova Caledônia e ele numa expedição isolada no Alasca.

O combinado na consulta era que eu avisaria à secretária quando ficasse menstruada, para dar início a uma nova medicação, o regulador de menstruação. O ciclo teve início na terça-feira, 24 de maio, menos de uma semana após nossa ida a São Paulo. Liguei avisando, a secretária perguntou se era borra ou fluxo intenso e disse que me daria retorno. Na quarta-feira esperei boa parte do dia, para não parecer aquela paciente mala, e liguei às 17h. A secretária já tinha ido embora e só voltaria na segunda-feira, pois quinta era feriado. Fui informada pela enfermeira que me atendeu que o médico estava viajando para um congresso internacional. E nisso tudo sequer tinha ideia de quando deveria começar a tomar o tal regulador de menstruação e estava morrendo de medo de perder o ciclo por conta dessa falta de retorno. Liguei pro celular do médico e deu caixa postal direto. Mandei um whatsapp já totalmente descrente, uma vez que ele nunca tinha respondido a nenhuma das minhas mensagens via whatsapp - algumas sequer visualizou. Mas eis que, quando acordo bem cedo no feriado de quinta-feira, vejo que ele respondeu. Disse que era para iniciar naquele dia (3DC) o Cicloprimogyna e que me ligaria na segunda-feira, quando já estivesse de volta a SP. Depois de dois dias de angústia, um pouco de alívio no meio do caos.

Ele ligou pra vocês na segunda-feira? Nem pra mim. Mas mandou um e-mail na terça pedindo atualizações e perguntando se eu tinha começado a tomar a coenzima e a passar o androgel. Ele escreveu às 12h59 e respondi às 14h42 do dia 31/5, perguntando até quando eu deveria tomar o Cicloprimogyna, o que ele não tinha me dito. Zero retorno. No dia seguinte enviei mais um e-mail perguntando, também sem resposta. O retorno veio só no dia 4 de junho, cinco dias depois, junto com um pedido de desculpas por estar em falta e, enfim, uma orientação sobre o remédio, cuja cartela eu deveria tomar até o final.

Neste e-mail do dia 4 ele perguntou se já gostaríamos de iniciar os preparativos pra FIV nesse ciclo e eu respondi no dia 5, domingo, que de nossa parte, sim. E aí a expedição do Alasca deve ter ficado sinistra, ursos provavelmente atacaram o acampamento dele, destruindo os fios elétricos que permitiam conexão com a internet, ele deve ter precisado fugir do abrigo e passado três dias pescando salmão para sobreviver, até que foi resgatado por esquimós simpáticos que o levaram para um iglu aquecido e com wi-fi. Foi quando ele fez contato, dia 9 de junho, quatro dias depois.

Neste mesmo dia, antes da resposta, claro, liguei pra secretária na hora do almoço e falei que estava bastante chateada, que toda essa demora no retorno me deixava muito ansiosa e angustiada, queria saber se ele demorava mesmo a retornar e qual era a melhor forma de contato - havia tentado três: telefone, whatsapp e e-mail, todas sem muito sucesso. Ela disse que o melhor jeito era mesmo por e-mail e que ele sempre respondia, no máximo demorava dois dias, e que as pacientes sempre a copiavam para que ela cobrasse. Detalhe: ela estava copiada em todos os e-mails que mandei!

Não sei se fiquei "mal acostumada", mas nenhum dos diversos médicos que já consultei eram assim tão ruins em responder. Na primeira clínica, o meu médico, dono, respondia rapidamente por e-mail e eu tinha o celular de dois médicos assistentes e quatro enfermeiras, que sempre, sempre mesmo, davam retorno. Na segunda clínica, o meu médico, também sócio, era super ágil nas respostas por whatsapp ou torpedo - às vezes ligava em horários loucos, bem tarde, mas nunca nos deixava sem retorno. Até mesmo o médico da clínica onde não fizemos FIV, somente consulta e alguns exames, me respondia rapidinho por e-mail.

Acho que sou uma pessoa sensata, não mando milhões de mensagens e não cobro respostas imediatas. Mas poxa vida, demorar quatro ou cinco dias para responder uma paciente prestes a começar um novo (e quinto) tratamento de FIV e com uma dúvida urgente - até quando tomar um remédio - me pareceu um pouco exagerado. Foram dias de ansiedade que só quem passa por esse processo pode imaginar como é. Quatro ou cinco dias pode não parecer muito, mas ficar na incerteza desestabiliza, é muito ruim.

A sorte é que a resposta do dia 9 veio longa e detalhada, também iniciada com um pedido sincero de desculpas pelo atraso. E resolvemos desculpar, lembrando de toda a confiança que ele nos transmitiu na consulta presencial em São Paulo, acreditando que agora, que vamos começar pra valer, a comunicação vai ficar melhor.

A orientação mudou um pouco e eu parei a cartela do Cicloprimogyna no sábado, 11/6, e não na terça-feira, 14, como inicialmente previsto. Nesse cenário, devo ficar menstruada até quarta-feira, quando farei exames de sangue (FSH, estradiol, progesterona), uma ultra e, se tiver tudo bem, já começarei a medicação para o estímulo. A verdade é que esse sumiço do médico foi bastante estressante, mas vou tentar fazer com que esse ciclo seja mais leve. Porque se der tudo certo eu sequer vou lembrar que isso aconteceu.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Os médicos e especialistas que consultei

Health Pattern

São três anos e meio de tentativas. Em 46 ciclos tive a oportunidade de consultar diversos médicos e especialistas - de reprodução humana e outras áreas.

Ginecologista
Comecei a me tratar com essa ginecologista em 2009, quando ainda namorava meu marido. Foi com acompanhamento dela que iniciei as tentativas naturais para engravidar, que comecei a tomar o Dostinex pra controlar a prolactina alta (que eu já sabia que tinha desde 2008) e que fui apresentada ao universo das ultras seriadas e do Clomid. Como o positivo não veio, ela nos encaminhou para um especialista em reprodução. Até então nosso diagnóstico era de infertilidade sem causa aparente: tudo normal com ele, comigo somente a prolactina alterada, mas rapidamente controlada com o remédio. Ela não é mais minha médica, mas isso é assunto pra outro post.

Especialista clínica 1
Em junho de 2014 nos consultamos com a especialista em reprodução de uma clínica famosinha. A ginecologista indicou uma mulher, pois achou que seria melhor pro relacionamento. A médica de cara chegou dizendo que meu útero era invertido! Coisa que a gineco não tinha visto em um ano e meio de acompanhamento. Achei muito estranho esse diagnóstico. Além disso, marido cismou e antipatizou com a moça. Resolvemos, então, procurar o segundo médico especialista em reprodução que nos havia sido indicado.

Especialista clínica 2
Simpatizamos com esse novo médico. Bem calmo e ponderado, disse que meu útero não era invertido. A primeira consulta com ele foi também em junho de 2014, quando decidimos que faríamos a FIV na clínica dele. O marido ia iniciar um tratamento de saúde, então congelou os espermatozoides. E, em fevereiro de 2015, retornamos para dar início ao tratamento para a FIV. Foi quando o médico pediu vários exames importantes, entre eles o anti-mulleriano, cujo resultado (0.99) indicou uma baixa reserva ovariana e uma possível falência ovariana/menopausa precoce. E então nosso diagnóstico mudou, o que confesso ter trazido alívio, porque é melhor você saber o que causa o problema do que simplesmente não ter uma resposta. Com esse resultado em mãos, começamos a medicação para a estimulação. Na nossa primeira FIV, em março de 2015, implantamos um embrião. Em função da baixa reserva, não tivemos embriões excedentes. No segundo ciclo de FIV, em abril de 2015, conseguimos um embrião, que foi congelado. O objetivo era acumular embriões para o implante. O terceiro ciclo de FIV precisou ser interrompido porque nenhum folículo cresceu. No quarto, conseguimos mais dois embriões, que foi também congelado. Então, em agosto de 2015, fizemos a transferência (TEC) de três embriões congelados. Mas também não deu certo. E aí começamos a questionar o atendimento da clínica. Embora gostássemos muito do médico, ficamos com a sensação de que ele seguiu muito o protocolo, de que não houve um atendimento tão personalizado pras nossas questões. Quando peguei o segundo negativo, recebi um torpedo da psicóloga da clínica e depois ninguém nunca mais nos procurou. Foi quando resolvemos procurar outro médico.

Especialista 2 clínica 1
Na verdade, esse especialista em reprodução também é da clínica 1, a mesma da primeira médica a que nós fomos. Mas dessa vez, em novembro de 2015, resolvemos procurar o dono da clínica famosinha. E foi um pouco estranho porque, como ele já tinha nosso histórico no sistema, achou que já tivesse nos atendido. Mas na verdade não, quem nos atendeu foi a médica da equipe dele. Só que ele falava como se lembrasse, como se soubesse, que é o que deve fazer com a maioria dos pacientes. Ele pediu alguns exames, como o cariótipo, e quando fui mandar o resultado por e-mail, impliquei seriamente com o fato de ele usar uma fotinho na assinatura de e-mail. É besteira, eu sei, mas não tenho paciência pra gente muito vaidosa.

Especialista clínica 3
Enquanto os resultados dos exames ficavam prontos (o cariótipo demora pra caramba), a secretária de um outro médico especialista em reprodução humana me ligou pra dizer que tinha uma vaga pra dali a poucas dias, em dezembro do ano passado. Nós resolvemos ir para, então, decidir com qual dos dois seguiríamos. Esse médico foi super simpático, atencioso, amoroso e carinhoso, coisa que nenhum dos três anteriores havia sido. Depois de três FIVs negativas, o médico que nos transmitiu esses sentimentos ganhou e foi com ele que decidimos seguir pra quarta FIV. Só que também não deu certo e as várias coisas que questionamos durante o tratamento (atraso nas consultas; centralização - eu não tinha contato de nenhum enfermeira ou assistente, tudo era direto com o médico que, claro, nunca lembrava de mim, da minha história, de nada, embora sempre respondesse rápido; médicas frias na hora da ultra; clínica sempre lotada) nos fizeram não querer dar continuidade ao tratamento com ele. Questionamos muito também o fato de ele ter optado por implantar um embrião D2 com somente duas células em uma mulher com histórico de falhas na implantação como eu. Em algumas ocasiões nos perguntamos se havíamos feito a coisa certa ao deixar a clínica onde fizemos as três FIVs e que já tinha todo nosso histórico...

Especialista clínica 4 (São Paulo)
E então surgiu a indicação do médico especialista em reprodução de São Paulo, sócio da que seria umas das melhores clínicas da América Latina. Me atendeu super bem pelo telefone, foi muito simpático e atencioso na consulta (como já contei aqui) e nos apresentou algumas novas possibilidades, que nos deixaram animados. Mas o contato com ele desde então tem sido um pouco complicado. Estou tentando não me estressar com isso, mas a verdade é que morro de ansiedade. Ele quase não responde whatsapp, a secretária dele parece sempre esquecer de mim, meu e-mail de terça-feira ele só respondeu no sábado e o de domingo ele não respondeu até agora. Quero crer que, quando começar pra valer, isso vai melhorar. Mas é claro que dá medo de ele não conseguir dar a atenção necessária à distância.

Endocrinologista
Desde que descobri a prolactina alta, em 2007, me consulto mais ou menos regularmente com uma endocrino. Cheguei a ir a uma endocrinologista especialista em fertilidade, mas como ela não descobriu nada do que já não se sabia, acabei voltando pra outra. Deveria fazer esse acompanhamento mais de perto do que faço, reconheço. Mas acho que é bastante importante uma mulher que está há algum tempo tentando engravidar procurar um endocrinologista, já que gravidez tem tudo a ver com hormônios. A minha me ajudou a descobrir que estava com a vitamina D baixíssima, e receitou suplementação.

Acupunturista
Nunca nos meus 30 anos de vida eu tinha feito acupuntura por motivos de: ser uma pessoa muito um pouco cética e ter fobia de agulha. Mas como a gente muda, lá fui eu começar a fazer acupuntura. Não procurei uma pessoa especializada em fertilidade porque a consulta era caríssima, mas às vezes me pergunto se não deveria ter procurado. Gostei de fazer, mas não teve um resultado prático efetivo. Inclusive o ciclo em que comecei a acupuntura foi aquele em que tiver pior resposta - mas no seguinte melhorou. Por enquanto não voltei pra acupuntura.

Psicoanalista
Comecei há menos de um mês o que já deveria ter feito há bastante tempo. Mas antes tarde do que nunca. Estou achando bom ter algum suporte psicológico enquanto me preparo para a quinta FIV.

A conclusão a que chego é: não existe médico perfeito. Sempre vai ter algum defeito, alguma coisa que incomoda, um comentário que chateia, um protocolo do qual você discorda. Mas é muito importante buscar sentir confiança e segurança. Às vezes me acho louca de já ter ido a tantos médicos especialistas em reprodução na vida, mas, por outro lado, há mal em querer ouvir outras opiniões?

E vocês? Consultaram/consultam algum outro especialista?


quinta-feira, 2 de junho de 2016

Todo dia ela faz tudo sempre igual



Cotidiano (de uma tentante)

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Se sacode antes das seis da manhã
Se sorri é um sorriso pontual
Imagina o dia em que será mãe

Todo dia ela diz que é pra se cuidar
Legumes, frutas, muita água
Quando chega na hora do jantar
Tem seis comprimidos pra tomar

Todo dia só pensa em engravidar
Meio-dia só pensa em gestação
Depois pensa também em adoção
Mas se cala e não fala nada não

Seis da tarde como era de se esperar
Ela não foi pra academia não
Inventou uma desculpa pra faltar
Não quer sair de casa não

Toda noite diz que vai se deitar
Bem cedinho e sem o seu celular
Mas há toda a internet a pesquisar
E uma tentante sempre a sonhar

Tava morrendo de sono ontem, mas escrevi isso meio de palhaçada no meu caderninho - sim, eu ainda escrevo em caderninhos na era do snapchat! Estou com essa música do Chico Buarque na cabeça há semanas, desde que pegamos o resultado negativo da última FIV. Porque a sensação que tenho é um pouco essa: de que todo dia faço tudo igual e que só penso em uma coisa. Secretamente monotemática.