terça-feira, 27 de setembro de 2016

O revés de um parto

Arrancaram mais um pedaço de mim. A capacidade do ser humano - e minha também - de se reerguer, de acreditar, de manter as esperanças, é algo que nunca vai deixar de me surpreender. Mas acabou. Não adianta mais me iludir. Acabou. Talvez, se eu fizesse 15 FIVs como a moça do programa da TV, eu pudesse conseguir. Mas já foram cinco e minhas condições emocionais se esgotaram - sem falar nas financeiras. O que eu vou fazer? Deixar minha vida em suspenso todo mês pro resto dos meus dias? Viver em função da minha menstruação - torcendo para que não venha ou para que venha logo para dar início a um novo ciclo? Me endividar mais até perder de vista?

De um dia pro outro tudo muda. Se ontem ainda dava para enxergar o copo meio cheio, hoje ele se esvaziou quebrando-se em mil cacos de vidro e espalhando-se em lágrimas. 

Quando tocou o telefone, o tal do número desconhecido, eu estava no meio de uma reunião. Poderia ter pedido licença e atendido, mas um pressentimento me fez ignorar a ligação - fosse uma má notícia, com que cara eu ia voltar pra reunião? Deixaram um recado na caixa postal e eu retornei, respirando fundo de tanto nervoso, trancada na cabine do banheiro. A embriologista então disse: o embrião não evoluiu de ontem pra hoje, não cresceu nada, não é um bom embrião, não teria se desenvolvido no seu útero, não adianta congelar, não vale a pena fazer a biópsia. Não, não, não, milhões de nãos. De novo.

Trancada na cabine do banheiro da empresa eu chorei, agradeci o retorno e liguei pro marido. E quis ir embora pra minha casa, mas não fui. Respirei fundo e tentei encarar o resto da jornada de trabalho. Já não vim vários dias na semana passada, não queria deixar as pessoas especulando mais - porque já estão especulando inclusive que eu estaria grávida, como disse minha estagiária. E estou o contrário disso.

Recusei convite pro almoço e fui almoçar sozinha. Mas na fila encontrei uma colega e foi impossível dizer que não queria companhia. Ela percebeu e disse que eu "não estava no meu normal". Fingi que estava tudo bem, mas estava na minha cara.

Está na minha cara há quatro anos. Eu sigo fingindo, sorrindo amarelo, desinteressada em tudo e em todos, me reconhecendo cada vez menos em mim. Talvez isso esteja me deixando doente. A cada negativo morre uma coisa em mim. Queria ter forças pra pensar positivo, mas não consigo, simplesmente não consigo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Copo meio cheio, meio vazio

Duality

Então chegou a segunda-feira, o quinto dia pós-fertilização, o D5. Como no sábado me ligaram por volta das 8h30, quando deu esse horário hoje já comecei a ficar nervosa. Então umas 9h e pouca tocou o telefone, aquele número desconhecido que dá borboletas no estômago. Corri pro banheiro da firma pra atender.

Era a embriologista da clínica, que informou que nosso embrião continuou evoluindo! Virou um blastocisto com cerca de 100 células! Conseguimos chegar ao tão temido D5. A má notícia é que, embora o número de células esteja dentro do esperado, o embrião não está "expandido" como serial o ideal. Assim, eles decidiram deixar crescendo por mais 24 horas, para ver se amanhã, no sexto dia, ele estará expandido e com as condições ideias seja para a biópsia, seja para o congelamento.

Eu perguntei se não poderíamos congelar logo hoje, no D5, mas ela explicou que, lá na clínica, eles apenas congelam se o embrião tiver com o número de células e formato adequado - a tal da expansão. Esse é o estágio ideal tanto para fazer a biópsia - caso decidamos por ela - quanto para congelar.

Segundo a embriologista, nosso embrião está um pouco abaixo do esperado para o dia de hoje, mas não é incomum que o embrião se expanda do quinto para o sexto dia. E aí eu, experiente em FIV mas inexperiente em blastocisto, aprendo mais uma coisa: pode existir blastocisto no D6. Nunca tinha nem ouvido falar, só lia sempre sobre D5.

Tentei em alguns momentos pesquisar pelo celular durante o dia de trabalho, mas não consegui avançar muito. Já se passaram 12 horas desde a ligação da embriologista. Faltam só mais 12. Fiquei feliz, bastante, por saber que nosso embrião teve a capacidade de chegar ao quinto dia. Mas é só amanhã que teremos uma resposta definitiva - caso não evolua, teremos o diagnóstico de que não era um bom embrião. Realmente o copo está meio cheio E meio vazio.

E por que é tão melhor o blastocisto? De acordo com a American Society of Reproductive Medicine são quatro razões principais:

  1. Maiores taxas de implantação;
  2. Oportunidade de selecionar os embriões mais viáveis para a implantação;
  3. Diminuição potencial do número de embriões transferidos (o que restringe as chances de gravidez múltipla, mais arriscada);
  4. Melhor sincronização entre o estágio de desenvolvimento do embrião e do endométrio no momento da implantação.
Encontrei também um estudo que compara as taxas de gravidez de blastocisto expandido no D5 e implantado no D5, blastocisto expandido no D5 e implantado no D6 e blastocisto com expansão tardia no D6 implantado no D6. Então entendi porque sempre ouvi falar apenas de D5: é que, segundo a pesquisa, o dia ideal para implantação é o quinto após a fertilização. De acordo com esse estudo, as taxas de implantação, resultado positivo, gravidez completa e nascimento vivos foram quase o dobro nos dois primeiro grupos: 40% x 19% do último grupo (D6). As taxas de gravidez foram, respectivamente, 60,9%, 64% e 31,8 e as de nascidos vivos 52,3%, 56% e 27,3%. Isso indica que embriões com expansão tardia têm menos qualidade. O estudo não se pretende ser universal, a amostra era pequena e os autores levantam alguns poréns, mas traz indícios.


Achei a imagem abaixo bem interessante. Mostra os diferentes estágios do óvulo desde a saída do ovário, fertilização, passagem pelas trompas e chegada ao útero no caso de uma gravidez natural e ajuda a entender quais os passos "acelerados" pela FIV e porque é tão mais vantajoso implantar um blastocisto.






domingo, 25 de setembro de 2016

Notícias do nosso embrião e a angústia da espera

O telefone tocou às 8h30 de sábado. Era a embriologista da clínica com notícias sobre nosso embrião filho único. Ele está com 9 células e grau 2 de fragmentação, o que é considerado um embrião de boa qualidade segundo ela. Como o desenvolvimento está de acordo com o esperado para o D3, eles vão esperar até segunda para ver como ele evolui - e aí, dependendo da evolução, o médico decidirá ou não pela biópsia. Me parece que, se a qualidade estiver boa, ele vai optar por não fazer a biópsia. Eu já disse que tenho mixed feelings: por um lado quero saber e descobrir se nossos embriões têm algum problema (não para evitar possíveis doenças, de jeito nenhum, é para entender se há algo que impede a implantação), por outro não quero arriscar fazer a biópsia tendo somente um embrião.

E agora eu estou aqui apavorada. Dos nossos cinco embriões gerados e implantados, nunca nenhum chegou ao D5. Na verdade nunca tentaram fazer com que chegasse ao quinto dia, em função da nossa baixa quantidade. Quatro foram implantados em D3 e um em D2. Estou com muito medo de não evoluir até amanhã e queria ir pra clínica ficar cuidando dele 24 horas. É angustiante não ter NADA que a gente possa fazer a não ser esperar.

Não é a primeira vez que temos um embrião com 9 células em D3. Então nos resta confiar na qualidade do laboratório da clínica - dito o melhor da América Latina - torcer e esperar para que amanhã venha mais uma boa notícia. Um dia de cada vez.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Medo do medo que dá: um embrião sendo cultivado

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Por volta das 9h de hoje, estava tomando café no hotel, toca meu telefone: número desconhecido. Já sabia logo que seria da clínica. Era para dar notícias da nossa punção: dos dois óvulos coletados, somente um estava maduro - o outro tinha alterações morfológicas. Este maduro foi fertilizado! Ou seja: temos um embrião!

Mas e o medo que dá? Queria implantar logo hoje. Mas ela disse que agora me darão notícias sobre a evolução do embrião no sábado - são só dois dias, mas parece o tempo mais longo do mundo.

Nós autorizamos a biópsia, mas o médico ainda não estava certo se valia a pena fazer, ele vai decidir a depender da evolução. Por um lado, queria fazer e descobrir logo se nosso embriões têm alguma falha grave - afinal, já foram cinco embriões implantados sem nenhuma gravidez. Mas, por outro, dá muito medo de fazer tendo apenas um embrião. Isso porque existe um pequeno risco de a biópsia danificar o embrião. Então prefiro deixar que o médico decida.

Enquanto isso só me resta desejar que esses dois dias passem e que nosso embriãozinho continue se desenvolvendo bem, com células nascendo no tempo certo. Quero que vire um blastocisto, claro, quero muito, mas sigo com o mantra "um dia de cada vez".




Relato da punção

Então lá fui eu para a quinta punção da minha vida. Cheguei na clínica ontem às 7h30 e fui chamada muito rapidamente - a coleta estava agendada para 8h. Me deram os papéis para assinar autorizando a biópsia (PDG -Diagnóstico Genético Pré-Implantacional), para caso o médico decida que é melhor fazer, e fui levada pro quarto. Tirei todos os brincos e anéis, coloquei a camisola, toquinha na cabeça e os propés, a enfermeira mediu minha temperatura e minha pressão.

Os procedimentos foram todos bem parecidos aos das clínicas do Rio. Entrei no centro cirúrgico, deitei na cama (?) e estiquei os braços em cruz - num braço a enfermeira já fez o acesso venoso e no outro foi tirada minha pressão de novo. Depois elas colocaram eletrodos no meu peito - nas coletas anteriores não teve isso. O médico chegou logo e fez um ultrassom rapidamente, conferiu que o folículo grande estava lá intacto e então o anestesista apareceu avisando que eu começaria a sentir uma tontura. Depois só lembro de ser acordada pelas enfermeiras chamando meu nome e me colocando na maca. Foi bem rápido, durou cerca de 25 minutos.

De volta ao quarto, pedi água, mas elas disseram que precisava esperar uns 15 minutos para ver se eu me recuperaria bem. Passado esse tempo, chegou o lanchinho de praxe: torrada, club social, geleia e manteiga e uma caixinha de água de coco. O médico entrou no quarto nesse momento e contou que foram coletados dois folículos que pareciam estar "expandidos", o que é uma característica de folículos que contêm óvulos. Mas que ainda precisariam confirmar.

Logo depois de lanchar fui liberada, não sem antes passar no setor financeiro - taí uma parte bem chata dos tratamentos a que não me acostumo: a pessoa, ainda grogue da anestesia, tem que ir lá fazer o pagamento. Por um lado entendo que não deva ser feito antes, pois pode haver algum imprevisto e a coleta não ser realizada, mas, por outro, penso que deveria haver outra forma.

Mas enfim, tudo acertado, voltei pro hotel, onde cheguei por volta das 11h e dormi até umas 14h. Acordei MUITO enjoada, uma sensação terrível de náusea. Como a equipe médica recomendou que eu tivesse uma dieta leve na hora do almoço, pedi uma sopa. Estava com muita fome, mas enquanto comia o enjôo foi piorando. Parei de comer e dormi mais um pouco, mas o enjôo estava muito forte e acabei vomitando muito. Foi bem ruim e fiquei com uma sensação desagradável o dia todo.

Por volta das 15h recebi uma ligação da enfermagem da clínica perguntando se eu estava passando bem - uma ótima prática, inexistente nas clínicas pelas quais passei no Rio - e ela disse que eu poderia tomar um dramin ou outro remédio pro enjôo, que era uma reação normal à anestesia.

À noite melhorei um pouco e consegui jantar - estava com muita fome pois tinha comido só duas torradinhas de manhã - mas ainda me sentindo um pouco desconfortável.

Das cinco punções que fiz, essa foi a única em que tive uma reação desse tipo. Das outras quatro vezes fiquei com muito sono e grogue o dia quase todo, mas nunca tive enjôo.


terça-feira, 20 de setembro de 2016

Um dia de cada vez: mudança de planos

Uma postagem bem rápida apenas para dizer que ontem voltei à clínica em SP. Fiz uma ultra e a médica viu que, ao contrário do esperado, já que parei a medicação na sexta, não ovulei. O folículo maior continuava lá, intacto. Então depois fomos atendidos pelo nosso médico, que decidiu mudar os planos e fazer a punção. Me receitou o Ovidrel para tomar ontem à noite e agendou o procedimento para a quarta-feira de manhã.

Como ele falou, não são as condições ideais, sabemos que não. Mas minha baixa reserva é um fato e já está provado que, por mais ou menos medicação que eu use, não produzirei uma quantidade boa de folículos. Então ele decidiu arriscar: além do folículo maior tem dois outros médios, que podem (ou não) conter óvulos.

Fiquei feliz com a decisão dele. Claro que eu gostaria de fazer a punção com um ciclo de 20 folículos, mas, não sendo possível, vamos ver como está o que eu tenho. Quem sabe não conseguimos gerar um embrião de boa qualidade? E mesmo que não gere, será bom também para o médico avaliar e tomar decisões futuras.

Depois da consulta ainda ficamos na clínica um tempão resolvendo burocracias, já que o plano era ir embora direto pra rodoviária: reserva hotel, compra medicação pelo telefone, vê passagem de volta etc etc etc...

Fico em São Paulo até quinta-feira, já que o retorno de avião só pode ser feito 24 horas após o procedimento (consegui uma passagem com milhas dessa vez). Vou me preparar para a possibilidade de não ter nenhum óvulo, mas torço para que tenhamos pelo menos um e que seja possível gerarmos um embrião nosso, que se desenvolva bem. Vamos ver. Um dia de cada vez.

domingo, 18 de setembro de 2016

A ultra de sábado em São Paulo

Como as passagens de avião de véspera estavam caríssimas, pegamos um ônibus que saiu 00:15 de sábado e chegamos às 6:15 em São Paulo. Teria dormido a viagem toda não fosse uma verdadeira sinfonia de roncos na poltrona de trás. Passamos no hotel, deixamos a bagagem, já que o check-in seria apenas 12h, fomos procurar um lugar pra tomar café e depois seguimos pra clínica, onde a ultra estava marcada para 8:50.

O atendimento lá é bem bom e organizado. Preenchemos novamente as fichas de autorizacao dos procedimentos e fui atendida por uma médica que fez o ultrassom. Rapidamente ela viu que havia apenas um folículo crescido e não dois como a ultra do RJ indicava. Na hora quis chorar, achei que ela que tinha visto errado, fiquei muito chateada. Ela pediu que nós aguardassemos na recepção enquanto ela ligava pro nosso médico, que estava num congresso em outra cidade. Quando ela nos chamou de volta eu estava mais calma. A médica disse que possivelmente o segundo folículo que aparecia nas ultras do RJ era um cisto, já que o tamanho dele se mantinha constante. Ou então um folículo que regrediu de tamanho, o que é raro, mas pode acontecer.

Mais uma vez a medicação foi suspensa e o ciclo interrompido. Não faremos a punção na segunda conforme imaginado. Como estamos em SP, voltaremos na segunda para fazer mais uma ultra. O objetivo será ver se eu tenho o que eles chamam de uma "segunda onda de recrutamento de folículos". Ou seja: esse único folículo grande provavelmente vai se romper e, então, meu corpo começará a recrutar novos folículos. Será feita uma contagem e, a depender do número de novos folículos, poderá ser reiniciada a medicação para o estímulo. A médica explicou que existem mulheres que respondem melhor nessa "segunda onda".

Estou realmente muito pouco esperançosa. Meu ciclo é curto e não sei se terei segunda onda - quando fazia coito programado acompanhado de US havia sempre indicação de ovulação por volta do 12o dia do ciclo. Não custa verificar, mas não estou apostando minhas fichas. Cansei de tentar acreditar.

De qualquer modo será bom conversar com o médico pessoalmente, já que a única consulta presencial que tivemos foi em maio. Mas já antecipo que ele nos dirá para pensar em alternativas porque está realmente cada vez mais distante a possibilidade de uma gravidez com um embrião nosso.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A ultra de quinta

Atualização rápida para falar da ultra de hoje, marcada para 7h30 de hoje, marido foi comigo. Laudo do ultrassom:

  • Ovário esquerdo com três formações foliculares de 16mm, 13mm e 9mm e um cisto denso;
  • Ovário direito com duas formações sem evolução;
  • Endométrio trilinear medindo 3,9mm.
Os folículos do ovário esquerdo continuaram crescendo um pouquinho, os do ovário direito nada, como já era esperado. Liguei logo pro médico e ele sugeriu que hoje e amanhã eu continue com Puregon e Orgalutran e que repita a ultra no sábado. Estando tudo como está, a punção será feita na segunda ou no máximo na terça (e não mais no domingo como ele havia pensado anteontem).

Mas ele disse que até prefere que seja assim, porque hoje é apenas o sexto dia do meu ciclo, então a coleta seria um pouco precoce. Acho que faz sentido, né.

Agora estamos resolvendo se fazemos essa ultra de sábado no RJ mesmo ou se vamos pra SP amanhã de madrugada para fazer a ultra lá - o que eu até preferia. Perguntei pro médico sobre essa possibilidade, vamos ver a resposta.

Ah, hoje precisei ligar pra farmácia pra encomendar a medicação, já que tinha comprado apenas pra dois dias de indução, conforme receitado. A primeira coisa que o atendente me pergunta é: "A senhora já tem a caneta do Puregon?". Não sabia se ria ou se o parabenizava pelo atendimento correto. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

A ultra de terça-feira e a saga por uma caneta

Injection illustration

Ontem a ultra estava marcada para 9h. Fui sozinha, pois marido tinha uma reunião importante no trabalho e não podia se atrasar. Já eu fiquei trabalhando até mais tarde na segunda à noite pra poder fazer o exame com calma e chegar um pouco depois do meu horário.

Vamos ao laudo do médico ultrassonografista (que é um senhorzinho fofinho):

  • Ovário esquerdo com três formações foliculares de 14mm, 12mm e 8mm;
  • Ovário direito com duas formações foliculares menores que 3mm;
  • Endométrio trilinear medindo 3,8mm;
  • Importante update: escreveram errado no laudo de sábado e o mioma que mencionei no último post não tem 8 centímetros, mas 8 milímetros, o que explica muito o fato de que ninguém deu a menor bola pra ele. Um mioma de 8mm é considerado pequeno e não atrapalha em nada.
Saí da clínica e liguei direto pro médico paulistano, que falou "eles estão crescendo bem, vamos tirar!". A sugestão dele lá atrás havia sido seguir com a punção desde que eu tivesse pelo menos dois folículos crescendo de maneira sincronizada. E, eu sei, três folículos para uma mulher da minha idade é pouco, pouquíssimo. Mas, comparando com meus últimos ciclos, três folículos é tipo Livro dos Recordes Guiness. 

E então ele me passou o protocolo: suspender o comprimido de indução e começar, à noite, com a medicação injetável: Puregon para induzir a ovulação e Orgalutran para evitar a ovulação precoce. Questionei sobre o Elonva, o tal do medicamento cuja injeção única vale para sete dias de indução, e ele explicou que não valia a pena usar. Isso porque meus folículos já estão com um tamanho razoável e não requerem sete dias de medicação para crescerem - se usasse esse remédio correria até o risco de perder os folículos por crescimento excessivo.

Ele receitou apenas dois dias de medicação injetável (terça e quarta) e pediu que eu repita a ultra amanhã (quinta). Fiquei bastante satisfeita por esse protocolo ultra curto - das minhas 4 FIVs, 3 foram mini, mas em nenhuma deles usei tão pouca medicação injetável para estímulo em tão poucos dias. Me parece que faz sentido isso pra mim. Já está mais do que provado que não adianta estimular por muitos dias, nem com dosagem muito alta: eu sempre terei poucos folículos. Então o melhor é trabalhar para que esses poucos sejam bem usados e tenham qualidade.

Isso foi às 9h. Depois fui pro trabalho, agendei a ultra de quinta-feira, avisei a enfermagem da clínica de SP que o médico havia me passado a conduta pelo telefone e solicitei a receita dos remédios pra comprar na farmácia. Só fui receber esse email às 16h, horário em que estava dirigindo indo pra acupuntura. Esse tipo de medicação só vende em uma farmácia do RJ - uma rede que tem em tudo quanto é canto, mas que só comercializa as chamadas "especialidades" em três unidades. 

Geralmente eu ligo e peço ou pra entregarem em casa (quando há tempo hábil) ou para deixarem reservado em uma dessas unidades pra eu passar e buscar. Liguei e disseram que me dariam retorno. Cheguei na acupuntura, recebi agulhas (e rolaram até pedras dessa vez #inovacao) e fiz uma coisa que abomino: fiquei com o telefone do meu lado, porque geralmente ligam de volta super rápido. Mas não ligavam. Então eu liguei, com agulhas espetadas na mão e tudo, e chamei pela atendente. Disseram que ela estava finalizando uma venda e me ligaria em seguida. Ela ligou pra vocês? Nem pra mim.

Nisso marido estava saindo do trabalho e precisava decidir o que fazer. Pedi que ele fosse direto na farmácia e tentasse comprar o remédio, mesmo sem ter reservado - minha preocupação é que tivesse em falta a medicação. Então ele foi e lá tinha tudo. Ou quase tudo. Não havia farmacêutico na unidade e as atendentes não sabiam informar como era feita a aplicação do Puregon - medicamento que nunca usamos. Eu comecei a ficar desesperada nervosa, pesquisei na internet e vi que o Puregon vinha com uma caneta aplicadora. Então falei pro marido voltar pra casa para não atrasar muito mais a aplicação.

Prazer, carpules
Quando ele chega, descobrimos que não tinha caneta na caixa, apenas a ampola - que descobri se chamar carpule - e as agulhas. Liguei de novo pra farmácia e a atendente me diz que a caneta deveria ter vindo junto com o remédio, que erraram ao fazer a venda dessa forma. Então ela consultou o estoque e disse que a unidade mais perto da nossa casa - que àquela hora tinha acabado de fechar - não tinha a caneta, que talvez por isso eles tenham se confundindo. Peço então pra que ela consulte a outra unidade, a segunda mais perto da gente. "Senhora, não estou conseguindo contato com esta unidade, mas a terceira unidade tem a caneta e a senhora pode ir lá buscar". A 21 quilômetros de distância. Mas ok, era a nossa única solução.

Enquanto eu falava com a farmácia, marido ligou pro telefone de emergência da clínica de SP. Eu estava desesperada com medo de atrasar a hora da medicação, mas a enfermeira nos tranquilizou. Pediu pra aplicarmos logo o Orgalutran e disse que não haveria problema aplicar o Puregon depois.

Um pouco menos desesperada nervosa, depois da injeção do Orgalutran feita pelo marido em mim, pegamos o carro. Antes de ir pra farmácia mais longe, resolvemos tentar na que ficava mais perto, apesar de a atendente ter deixado a caneta reservada na mais longe mesmo. Primeiro estacionamos na farmácia errada na mesma rua - que não era a de especialidades. Mas um rapaz muito solícito nos ajudou e consultou o farmacêutico da outra pelo rádio, confirmando que, sim, tinha uma Puregon Pen disponível. E lá fomos nós buscá-la. O farmacêutico da unidade de especialidades questionou se não tinham perguntado se era a primeira vez usando o medicamento. Até perguntaram e dissemos que sim, mas mesmo assim não souberam nos orientar direito. 

Minha caneta, enfim!
Ainda tive que pagar R$ 0,10 pela caneta - que é de graça quando se compra o Puregon, que não é nada barato - porque não podiam liberar o produto sem gerar nota fiscal, hehe. Mas acho que teria pago até R$ 1 milhão por essa caneta!

Finalmente, às 21h45 de ontem, encerrando a saga que começou às 17h, conseguimos aplicar a injeção com a caneta - que aliás é uma mão na roda, facilita demais a aplicação. Quisera eu que as milhares de medicações que já tomei pudessem todas ter sido com caneta (algumas até foram, mas a minoria).

Agora, depois desse post gigantesco, é fazer a medicação hoje, repetir a ultra amanhã e falar com o médico. Dependendo, se tudo tiver continuando a evoluir como está, farei a punção neste fim de semana em SP. Assim mesmo, mega rápido. Acho que esse era o lead do post, na verdade. Mas quero ir com calma, um dia de cada vez, esperando pra ver se amanhã isso vai se confirmar mesmo.

sábado, 10 de setembro de 2016

Sitting, waiting, wishing...

Lets Make A Wish

Como imaginava que menstruaria nessa madrugada, coloquei o despertador para 7h, para levantar e ir ao banheiro pra checar - e, se fosse o caso, já ligar pra clínica. Mas quem disse que eu consegui levantar às 7h? Só 8h45 é que tive forças pra sair da cama e, então, confirmei que a menstruação havia descido - com um fluxo já bem intenso pra um primeiro dia. Liguei logo pra clínica e, por sorte, consegui um horário para fazer a ultra às 10h15.

Fico feliz quando a ultra cai num sábado. Assim marido consegue ir comigo e não tem correria nem desculpa por conta do trabalho. Fomos atendidos rapidamente - a clínica é boa, os médicos são excelentes, mas como falta um tratamento humanizado. Poxa, já tem anos que faço acompanhamento seriado nessa clínica e especialmente desde maio estou lá mensalmente batendo ponto. Parece que as atendentes nunca lembram de mim, toda vez tenho que repetir minha história, que sou paciente de um médico de São Paulo etc. etc. Mas enfim, além de ser uma das mais renomadas no RJ, é bem perto da minha casa e foi a única que o médico paulista indicou. Então vou ter que me conformar com esse atendimento frio mesmo.

Saí de lá com o seguinte laudo do médico ultrassonografista:

  • Ovário esquerdo medindo 3,7cm com formações de 13mm, 12mm e duas de 7mm, além de um cisto denso de 13mm (esse é o cisto do último ciclo, que estava com 24mm);
  • Ovário direito medindo 1,7cm (vejam a diferença de tamanho pro meu ovário esquerdo) com uma formação folicular de 4mm e outra de 3mm;
  • Útero miomatoso com nódulo subseroso medindo 8 cm (o mioma havia sido identificado há alguns ciclos, mas nunca esteve tão grande).
Da clínica corri pro laboratório e colhi o exame de sangue: progesterona, estradiol e FSH.

E passei o resultado do laudo da ultra pro médico de SP, que, claro, demorou a me responder, mas acabou por finalmente dar um retorno pedindo para eu começar a tomar o serophene e para repetir a ultra na terça-feira para vermos como estará o crescimento dos folículos. Não é exatamente um protocolo diferente das vezes anteriores, mas na terça ele decidirá se vou seguir com a medicação injetável e com qual remédio. 

Achei que estou com uma quantidade razoável de folículos para o meu padrão (alô acupuntura?), embora tenha achado que os tamanhos estão um pouco discrepantes. Fiquei preocupada também com esse mioma de 8cm, mas como fucei muito no Google o médico não falou nada, me convenci que não deve ser lá algo muito grave.

Então não me resta muito a fazer além de começar o remédio e esperar pela ultra de terça-feira.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Recapitulando enquanto espero


Terminei a cartela de Cicloprimogyna na segunda-feira, dia 5. Agora estou esperando a menstruação resolver dar as caras. Hoje é o 25o dia do ciclo e meus ciclos costumam durar 26 dias - embora os últimos tenham durado 29 (agosto), 27 (julho), 27 (junho) e 21 (maio). Ou seja, tá tudo meio bagunçado. Já tem quatro meses que fui para São Paulo e já estamos quase na metade de setembro e ainda não consegui sequer dar sequência a um ciclo completo de indução com esse novo médico.

Resolvi recapitular os meus ciclos de 2016, até para fazer um resgate organizado, Por um lado acho bom não estar tão neurótica a ponto de me lembrar de cada detalhe de cada mês. Mas, por outro, gosto de saber, não tem jeito.

Janeiro 2016 > Em dezembro de 2015 mudamos de clínica, após três ciclos de FIV e duas implantações embrionárias. Em janeiro fizemos alguns exames pedidos pelo novo médico.

Fevereiro 2016 > No dia 27 de fevereiro fiz a primeira ultra nessa nova clínica. Tirei férias em março pra poder fazer o tratamento com calma, mas já nessa primeira ultra foi identificado um cisto ovariano. O médico me receitou um anticoncepcional por 14 dias, mas acabei tendo que tomar por 21 dias, pois o cisto demorou a sumir.

Março 2016 > Não consegui fazer o tratamento nas férias por conta do cisto identificado no fim de fevereiro e acabei tendo que adiar ainda mais o início por conta de uma viagem programada a trabalho assim que eu voltasse.

Abril 2016 > Comecei, enfim, a indução para a quarta FIV. No dia 16 de abril fizemos a implantação do único embrião obtido. No finzinho do mês pegamos o resultado negativo.

Maio 2016 > No dia 18 de maio viajamos para São Paulo para uma consulta com um novo médico, de uma nova clínica, super bem recomendado. Fiquei menstruada no dia 24 de maio e iniciei o regulador de menstruação, além de outras medicações que ele passou.

Junho 2016 > Parei de tomar o regulador de menstruação no dia 11/6 e menstruei apenas no dia 20/6 (o regulador não antecipou minha menstruação) e no dia 21/6 comecei a medicação para a indução. Mas, quatro dias depois, tive o ciclo interrompido, porque os folículos cresceram cada um do seu jeito, totalmente sem sincronia.

Julho 2016 > A menstruação veio no dia 17/7 e já no dia 18 dei início à medicação para a indução. Mas, de novo, depois de quatro dias de remédio, o ciclo foi interrompido porque, apesar da dose mais alta, minha resposta foi péssima.

Agosto 2016 > Fiquei menstruada no dia 15/8 e fiz a ultra. Mas dessa vez nem comecei a medicação. Por conta de um cisto, o ciclo sequer foi iniciado. O médico me receitou, então, uma cartela de Cicloprimogyna, que terminou na segunda-feira, 5 de setembro.

E agora me encontro esperando, mais uma vez, a menstruação e torcendo para que as condições dessa vez estejam favoráveis e que seja  possível fazer a minha quinta FIV. Pra piorar ontem fiquei gripada, uma sensação de moleza no corpo e dor de cabeça forte, mas não quero tomar nenhum remédio. Espero melhorar logo logo.