domingo, 2 de julho de 2017

22 semanas e o ultrassom morfológico

22 semanas e o ultrassom morfológico

Não acredito em como o tempo está voando. Na verdade é um sentimento contraditório, tem vezes que acho que está passando muito rápido, ao mesmo tempo penso que estou grávida desde o fim de janeiro, o que já é um tempinho. Me dói não conseguir escrever com mais frequência nesse espaço que tanto adoro, mas é que tanta coisa na cabeça, que realmente não tem dado.

Na última quarta-feira completei 22 semanas de gravidez e foi dia também de fazer o ultrassom morfológico. Fizemos com a mesma médica da translucência, que trabalha com minha obstetra e é super querida, atenciosa e detalhista.

A começar pelo pedido do exame que eu, cabeça de vento, esqueci. A clínica pediu que eu mandasse por e-mail, mas a solução mais rápida foi pedir pra ela, que já estava ali, em vez de ligar pra minha médica, esperar que ela pudesse enviar, enfim.

Não sei como é uma ultrassonografia morfológica de um bebê só, mas a de gêmeos demora, viu? Ficamos uma hora e meia na sala de ultrassom, vendo cada detalhe possível das nossas pequenas.

Enquanto a translucência nucal, entre 11 e 14 semanas, ajuda a detectar possíveis síndromes, a morfológica, entre 20 e 24 semanas, serve para verificar mal formações e problemas físicos.

É engraçado que, com dois fetos, a médica vai migrando de um pro outro aproveitando a melhor posição de cada um para ver o que precisa. Uma bebê virou de frente? Então vamos aproveitar pra marcar o nariz e a boca. A outra esticou a perna? Então vamos medir o osso. Ih, bem agora ela resolveu dobrar as pernas de novo. Mas tudo bem, porque abriu a mãozinha e pudemos contar os cinco dedos e falanges. O que é isso aqui no rosto dela? Ah, é o pé da irmã! Vamos aproveitar e contar os dedinhos também. E foi assim por uma hora e meia. 

Constatamos que elas estão sem qualquer alteração morfológica e voltamos pra casa felizes.  Enquanto o marido estava bem preocupado com a translucência, eu fiquei tensa com a ultra morfológica. Como tinha um tempo que não fazia ultra, foi me dando um nervoso de não saber como elas estavam. Mas fiquei muito feliz com a maravilhosa notícia que está tudo bem com elas! Que siga assim!

Além disso, algumas atualizações:
- Elas estão bem grandinhas. Uma tem 26,6cm e 498g e a outra 25,9 e 449cm. 
- Na ultra desta quarta também foi verificado o meu colo do útero, que, ufa!, está bem comprido. Zero risco de parto prematuro por enquanto! Esse é um outro fantasma que me assombra.
- Estou com uma anemia importante. Tentei regular somente com a alimentação, mas não foi possível e há cerca de 20 dias passei a tomar suplemento de ferro. São dois comprimidos gigantes duas vezes ao dia, que precisam ser ingeridos de barriga vazia e provocam um enjoo chatinho, além de deixar um gosto terrível de ferro na boca. Ainda não fiz exame para acompanhar a evolução da anemia, mas espero que tenha melhorado. Não vomito mais, mas ainda fico enjoada, o que é bem chato e faz com que eu não tenha muita disposição.
- Aos poucos as coisas do quartinho e do enxoval vão ficando prontas, mas ainda falta bastante coisa, o que faz com que, volta e meia, bata um desespero. Depois me acalmo, pensando que para tudo dá-se um jeito e que não preciso ter todos os itens daquelas listas gigantescas de enxoval. 

Essa semana tem ecocardiograma fetal e a quarta consulta com a obstetra. Voltarei - sem atraso - para contar como foram ambos.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Meu primeiro Dia das Mães

For you

Ontem foi o meu primeiro Dia das Mães. Quer dizer, o primeiro com minha filhas na barriga. Ganhei presentes lindos do marido, parabéns de várias pessoas e fiquei muito feliz. Decidi até exibir a gravidez no Facebook, coisa que não é do meu feitio, postando uma foto de nós quatro e da barriguinha despontando. Recebi uma avalanche de comentários carinhosos e de vibrações positivas que me deixou ainda mais feliz.

Só que, no fundo, eu só pensava nas mulheres que, nessa data, não veem motivos para comemorar. Seja porque estão tentando engravidar e não conseguem, por já terem feito uma ou mais tentativas de FIV, por terem perdido seus filhos no começo ou no fim da gravidez, ou quando eles já eram maiores, por serem refugiadas e terem precisado deixar o filho para buscar sobrevivência em outra terra ou ainda por não terem mais suas mães por perto.

Porque ontem umas dessas mulheres era eu. E eu nunca vou esquecer como sempre me senti desamparada - pela sociedade, amigos e até família - nesse dia. Como nunca me identifiquei com as propagandas, que me faziam chorar pelos motivos errados. Como quando, ao receber uma rosa no trabalho ou um bombom no salão de beleza no segundo domingo de maio, eu me sentia um fracasso de mulher. Não que nos demais dias do ano me sentisse de outra forma, mas o Dia das Mães intensificava a angústia.

Hoje eu tenho o privilégio de estar grávida e à espera das minhas filhas. Mas sempre vou me solidarizar com as mulheres que ainda não conseguiram realizar o sonho de ser mãe. Desejo que tenham força para encarar a jornada e serenidade para lidar com as difíceis decisões impostas por esse processo. Estamos juntas.

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Mais um post escrito no metrô há quase um mês e não publicado na data correta. 

sábado, 10 de junho de 2017

17 semanas e a terceira consulta com a obstetra

Hoje estou com 20 semanas. Mas comecei a escrever esse post com 17, logo após a terceira consulta com a obstetra. E resolvi publicá-lo mesmo atrasado.

Abandonei o blog. Queria estar registrando tudo, mas simplesmente não estou conseguindo. Na quarta-feira completei 18 semanas de gestação. E na véspera tive a terceira consulta com a obstetra - nem consegui escrever sobre a segunda. Atualizações sobre meus sintomas, que passei também pra médica:

- O enjoo melhorou, muito, mas ainda não me abandonou por completo. Continuo tomando Vonau uma vez ao dia e, quando não tomo (fiz isso para testar), vomito. Mas não se compara a como eu me sentia no começo - doente e indisposta 24h por dia.

- Tive cãibras que me acordam à noite berrando de dor com a panturrilha travada. Acordo o marido, que faz massagem. É um sintoma bem comum, segundo a médica. Existem alguns alimentos que podem ajudar, como o damasco (além da banana, que já é mais sabido) mas não tem muito o que fazer.

- Meu apetite e minha alimentação melhoraram demais. Estou conseguindo comer alimentos saudáveis. Por recomendação da obstetra, fui a uma nutricionista, que me passou várias dicas. Engordei 3,6 quilos desde o início da gravidez e tanto a nutri quanto a GO disseram que estou com crédito.

- Conforme o enjoo foi melhorando, a azia foi piorando. Nunca fui de ter azia na vida e, vou te contar, que coisa mais desagradável. A nutri deu a dica de não tomar líquido na refeição e, há uma semana, a azia aliviou demais desde que botei isso em prática. Um ou outro alimento ainda dá queimação (tempero com alho, por exemplo), mas realmente não beber na refeição ajuda demais. O ideal é ingerir líquido meia hora antes e uma hora depois, o que tem sido ruim pra mim porque fico com medo de tomar algo e sentir azia, então acho que tô tomando menos água.

- O sono é outro mal que me aflige. Cedo já estou fechando o olho, não consigo ler duas páginas de um livro que durmo e até no cinema peguei no sono, o que nunca acontecia comigo.

Agora vamos às boas e melhores notícias:

- As gêmeas estão ótimas. Crescendo e se desenvolvendo bem. Inclusive bem grandinhas. Uma com 241g e 18cm e outra 217g e 16cm. Segundo a médica, esqueceram de avisá-las que são gêmeas, o que pode significar que terei uma barriga gigantesca nível Beyoncé.

- Está tudo bem comigo também. Pressão boa, colo comprido, nenhum fator de risco na gestação, que era algo que temia tanto. Posso continuar pegando ônibus e metrô, posso carregar sacolas (não muito pesadas, claro), subir escadas também (não 200 andares) e fazer atividade física. Comecei hidroginástica, mas estou na dúvida se mudo pro pilates agora que está meio friozinho.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Translucência nucal: um marco do primeiro trimestre (e um palpite forte sobre o sexo)

Ultrasound of a pregnant woman

Maior alegria de uma mulher grávida é dia de fazer ultrassonografia. Não sei se para todas é assim, mas, se eu pudesse, faria diariamente semanalmente. Depois de tantos anos de perrengue e dificuldade para engravidar, o que mais quero é ver meus bebês e me certificar de que está tudo bem com eles. Como contei aqui antes de abandonar o blog, tivemos a primeira consulta com a obstetra no dia 10 de março, quando estava com sete semanas. Lá, ela já me deixou o pedido para a próxima ultra que precisaria fazer, a da translucência nucal (TN), dali a um mês. Como ela já é escolada em matéria de grávida, me passou também um outro pedido caso eu "não aguentasse" esperar a TN.

Eu, que não quero ser neurótica, disse para marido que nem ia fazer essa ultra antes da TN, que ia conseguir esperar e não cairia na paranoia. Mas aí foi se aproximando a data, me dando aquela saudade de ver meus babies, a angústia de verificar se estavam crescendo, o medo de estarem sendo prejudicados pelos meus fortes enjoos, as pessoas ao redor falando para eu marcar a ultra. Então na véspera, liguei para a maternidade, achando que não conseguiria horário e, para minha sorte, tinha havido uma desistência e consegui agendar para o dia seguinte, sexta, 24/3.

Como foi no meio da tarde, marido não pôde ir, mas minha mãe me acompanhou. E que decisão mais sensata foi fazer essa ultra, gente. Qualquer preocupação com neurose ou paranoia me abandonaram quando vi meus bebês se mexendo, já com umas carinhas bem mais crescidinhas, tão, tão lindinhos.

O embrião 1 passou de 1,1 cm na 7ª semana para 2,87 cm na 9ª semana

O embrião 2, que tinha 1,5 cm na 7ª semana, estava com 3,22 cm na 9ª semana
Eles quase dobraram de tamanho da 7ª para a 9ª semana e, mais impressionante de tudo, super se mexeram, o que foi muito emocionante de ver pela primeira vez. Escutamos também os coraçõezinhos e saí de lá muito satisfeita de ter marcado o exame, me achando zero neurótica.

Passados 18 dias, finalmente chegou o dia de fazer o exame da translucência nucal. Diz aí Baby Center:

Translucência nucal é uma medida tirada no ultrassom morfológico do primeiro trimestre, um exame de rotina. Seu principal objetivo é ajudar a detectar o risco de síndrome de Down e outras anomalias cromossômicas, além de problemas cardíacos. 

O objetivo principal da translucência nucal é medir um espaço específico na nuca do bebê, entre 11 e 14 semanas de gravidez. A partir de 14 semanas, não dá mais para fazer o exame, porque o espaço deixa de ser transparente na imagem do ultrassom.

Bebês que tenham alguma anomalia tendem a acumular mais líquido nessa região da nuca, por isso uma medida acima da média normal é considerada um possível indicador de algum problema. Durante o mesmo exame, também se verifica a presença do osso nasal. A ausência desse osso pode ser mais um indicador de anormalidade.

Ainda será cedo para detectar com certeza o sexo do bebê só pela imagem, embora ultrassonografistas experientes arrisquem dar um palpite, com precisão máxima de 80%.

Por todas as razões acima, estava muito ansiosa pela realização desse exame, que havia sido agendado com mais de um mês de antecedência em função da agenda da médica. Ela faz parte da equipe da minha obstetra e eu já a havia conhecido rapidamente no consultório. Não poderia ter ficado mais feliz com a escolha da médica para a realização desse exame. Muito atenciosa e doce, explicou tudo tim-tim por tim-tim: cada medida que ia fazendo, cada marcador identificado, cada pontinho que ia aparecendo na tela. O exame durou uma hora e meia, marido nervoso porque não acabava e, depois ele me disse, com medo que aparecesse algo negativo.

Mas não apareceu. Está tudo perfeito com nossos bebês. São três marcadores principais identificados durante a ultrassonografia (que aliás já foi feita quase toda por cima da barriga!):


  • Translucência nucal: é uma espécie de transparência na nuca cuja medida acima de um determinado número pode ser indicativo de algumas síndromes. No nosso caso, o espaço transparente estava com 1,2mm em ambos os fetos, o que é considerado adequado.
  • Osso nasal: a médica logo identificou a presença do osso nasal. A ausência deste osso é que pode levar a preocupações sobre síndromes.
  • Doppler do ducto venoso: esse foi o mais difícil de identificar, pois os bebês estavam em posições não muito favoráveis, se mexendo muito (💕). Esse ducto é um vaso super pequeninho cujo fluxo sanguíneo precisa ser medido. Mas a médica conseguiu fazer a medição e está tudo dentro dos padrões esperados.
Além disso, foi possível visualizar vários aspectos da anatomia fetal, como mãos, pés, falanges dos dedos, bexiga (já com xixi!), rins, estômago, cérebro (já todo perfeito divididinho, impressionante). Tudo me impressionou e me apaixonou, especialmente ver os bebês se mexendo. Que coisa mais encantadora que é isso. Abriram e fecharam as mãos, cruzaram as pernas, colocaram as mãozinhas no rosto, viraram de costas, de frente, de lado. Muito, muito lindo e emocionante de ver.

O feto 1 está com 6,42 cm!


O feto 2 está com 6,9 cm!
Até que a médica nos perguntou se iríamos querer saber o sexo ou seria surpresa (aparentemente mais e mais casais estão optando por não saber, o que acho bem legal, mas não tenho coragem, hihi). E aí ela deu o primeiro palpite.


E depois o segundo palpite...


Duas meninas! Duas meninas! Que alegria. Sabemos que ainda não é 100% certo, mas já estamos comemorando. Se depois outra coisa se confirmar mais pra frente, tudo bem também, porque o mais importante é que nossos bebês estão saudáveis e tudo está correndo bem. 

sábado, 15 de abril de 2017

12 semanas e três dias

Um mês inteirinho sem escrever no blog. Toda vez que pensava em abrir o computador ou até mesmo em escrever no bloco de notas do celular, o mal-estar me impedia e eu preferia ficar deitada descansando. Na última quarta-feira, dia 12/4, completei 12 semanas de gestação. Pensei em recapitular semana a semana como foram meus sintomas, mas acho que nem vale a pena, porque basicamente se resumem a muito enjoo, vômitos e mal-estar.

Começaram por volta da 5ª semana. Vômitos ao menos duas vezes ao dia - alguns dias chegaram a cinco vezes - muita sensação de mal-estar e indisposição. Não tinha vontade de fazer nada, absolutamente nada, até para ficar deitada vendo televisão me sentia indisposta. Parecia que estava doente. Algumas vezes chorei por não aguentar mais estar me sentindo tão mal. Queria estar radiante, sorridente, animada, já pensando em arrumar coisinhas, pesquisando pela internet o que comprar etc. Mas a verdade é que não consegui.

Fiquei intolerante a cheiros. O cheiro da minha roupa lavada me enjoa (o que sempre adorei), o desodorante do meu marido me desespera, é impossível abrir a geladeira sem ter ânsia de vômitos - das poucas vezes que me forcei tive que correr para o banheiro -, não suporto ficar perto de coisas de papel (especialmente caixas de papelão, embalagem de papel de pão), acho horrível o aroma da comida sendo preparada pelos vizinhos (o que costumo sempre achar bom e melhor do que o da minha própria casa), tive que trocar de sabonete por um com menos perfume e também parei de usar qualquer tipo de perfume - o que para mim sempre foi equivalente a sair de casa pelada.

Perdi o ânimo de me arrumar, passar maquiagem, lavar e arrumar meu cabelo (os cremes que uso, geralmente tão cheirosos, também passaram a ficar difíceis de tolerar), até brinco eu parei de colocar (mais uma equivalência a sair sem roupa).

Tive a sorte de ficar de férias praticamente da 5ª à 10ª semana, quando, enfim, foi preciso voltar a trabalhar. Retornaria numa segunda e, já na terça, teria uma viagem a trabalho de três dias para a qual estava me sentindo super insegura. Não queria ir. Então decidi ligar na semana anterior e contar para minha chefe (que sabia por alto que eu fazia tratamento): ela não só foi muito compreensiva e carinhosa, como disse para eu não viajar e ainda ficar de casa na primeira semana. Ela diria à equipe que eu tinha feito um procedimento e precisava ficar de repouso. Assim foi feito e foi ótimo, pois passei bastante mal a semana toda, vomitando cerca de três vezes por dia.

Na semana seguinte eu voltei a trabalhar fisicamente, mas chegando um pouco mais tarde (devido ao enjoo matinal) e saindo, quando dava, um pouco mais cedo pra evitar o trânsito. No trabalho sobrevivi comendo tic-tac o dia inteiro e me alimentando a cada duas horas. Aliás, estar sempre com uma bala na boca alivia minha náusea, o que possivelmente vai me custar uma cárie, porque nunca comi tanta bala na vida. Curiosamente, não vomitei nenhuma vez lá, nem na rua ou no transporte (ainda bem!), mas cheguei em casa vomitando vários dias.

Como meu enjoo é tão forte, acho que acabou ofuscando os demais sintomas. Meus seios não estão doloridos e nem inchados, apenas coçam bastante. E já acho que estou barrigudinha, mas as pessoas no transporte público ainda não, pois ninguém me cedeu o lugar, por mais carinho que eu faça na barriga para chamar atenção.

Agora que completei 12 semanas, a indisposição e o mal-estar estão começando a melhorar. O enjoo e os vômitos continuam, mas ontem consegui até ir ao shopping comprar umas coisinhas para a casa nova. Ah sim, durante as férias nos mudamos também para um apê maiorzinho - daí minha intolerância ao cheiro de caixa de papelão, imagino - e eu não tinha conseguido arrumar nadinha...

Estou torcendo muito muito muito para que comigo aconteça como com a maioria das mulheres cujos enjoos desaparecem após as 12 semanas. Tenho medo verdadeiro de me enquadrar na minoria que passa a gravidez inteira enjoada. Mas acho que estou conseguindo melhorar. Só de ter conseguido sentar e escrever no computador já fico mais feliz.

Mas o mais importante de tudo é que os bebês estão se desenvolvendo bem, crescendo direitinho e lindinhos conforme o esperado. O próximo post será sobre o exame da translucência nucal.


terça-feira, 14 de março de 2017

A primeira consulta com a obstetra

Pregnant Woman

Chegou na última sexta-feira o dia pelo qual estava tão ansiosa: a primeira consulta com a obstetra. Marido e eu de férias, chegamos com tranquilidade e sem correria ao consultório. Esperamos cerca de 15 minutos e a médica, quando nos chamou, se desculpou pelo atraso e disse que não é de praxe. Já gostei dela! Ao longo da consulta isso foi apenas se confirmando.

Contamos nossa história nos últimos quatro anos e ela foi nos fazendo perguntas: primeiro para mim e depois para o marido. Como a clínica já havia me passado os pedidos de exame de sangue, levei todos os resultados que havia colhido no início da semana, o que agilizou bastante. Todos os meus exames estão bons e dentro do esperado para a fase atual de gravidez (sete semanas). 

A médica explicou um pouco como funciona o pré-natal para uma gestação gemelar. Nos veremos mensalmente até a 27ª semana e, a partir da 28ª, as consultas passarão a ser quinzenais. Quando é só um bebê, as consultas tornam-se quinzenais a partir da 34ª ou 36ª semana, se não me engano. Algumas dessas consultas serão apenas com a enfermeira obstetra da equipe. Como são dois bebês, precisamos acompanhar bem de perto e monitorar riscos como pré-eclâmpsia e diabetes. 

Ela também disse que meus enjoos são normais e um bom prognóstico. E me tranquilizou ao dizer que, nessa fase, minhas trocas com os bebês ainda são muito pequenas, por isso não é grave que eu esteja me alimentando só de junk food e biscoito água e sal. Mas recomendou que eu procure uma nutricionista. Disse também que é bom eu estar de férias, pois assim posso fazer repouso, o que melhora o enjôo.

Sobre parto falamos apenas muito rapidamente. Mas um dos motivos para eu ter procurado essa médica especificamente foi saber que ela é pró parto normal. Ela confirmou o que já sabíamos: que parto normal de gêmeos é um pouco mais difícil, mas está longe de ser impossível e que podemos, sim, pensar nisso. Mesmo que não seja possível na hora H, fico satisfeita de estar sendo acompanhada por uma médica que vai tentar fazer com que o parto seja normal. O esquema de trabalho dela é bem interessante: uma equipe de sete obstetras que atuam juntas e coordenam as datas de suas pacientes, o que permite que verdadeiramente possam realizar o parto normal - caso alguma das médicas tenha um imprevisto ou uma complicação em outro parto, alguém da equipe poderá substitui-la. Inclusive conheci uma outra médica da equipe no dia da consulta e gostei muito dela também. 

Fui examinada e fisicamente está tudo bem também, minha pressão está baixa. E o melhor de tudo é que ela fez uma ultra e pudemos escutar de novo os batimentos dos corações dos nossos bebês e saber que eles estão bem crescidos. Em uma semana, saltaram de 7 mm para 1,5 cm e de 6 mm para 1,1 cm. Impressionante como a evolução é rápida. <3

A próxima ultra que preciso fazer é a da translucência nucal - aquela que mede o tamanho da nuca do bebê entre 11 e 14 semanas e detecta a presença do osso nasal, ajudando a identificar possíveis síndromes. Já está marcada para o dia 11 de abril (o plano cobre, ufa!), quando estarei com 12 semanas. Mas a médica deixou um outro pedido de ultrassom para o caso de não aguentarmos esperar até lá para ver se está tudo bem com nossos babies. Vou tentar me segurar, mas é bom ter esse pedido na manga também. 

Saímos da consulta bem seguros com a escolha de nossa médica. 

terça-feira, 7 de março de 2017

Enjoo, muito enjoo

As cólicas assustadoras já não dão mais as caras. Foram só três dias para me deixar bem apavorada, e depois se foram, dando lugar a um enjoo perene, que dura 24 horas por dia e não me abandona.

Estou me esforçando bastante para não reclamar, porque estar grávida é tudo que eu mais desejei, mas não está sendo fácil. Porque não é um enjoo matinal, sobre o qual a gente sempre escuta falar, é mesmo um enjoo que dura o dia inteirinho. E estou vomitando também. Desde ontem, duas vezes ao dia, além de eu passar diversos momentos me segurando, respirando fundo.

Com isso, como já comentei, minha alimentação está bem horrível. Mal estou conseguindo beber água - me enjoa demais - e não estou conseguindo fugir da Coca-Cola - que pra mim sempre foi remédio para enjoo/ressaca. Mas até a Coca, que me aliviava um pouco, está começando a me enjoar. Sinto vontade de comer apenas coisas salgadas e gordurosas tais como nugget do Mc Donald's (juro!), lasanha, harumaki de camarão, pizza, massa e empadões. E não consigo comer grandes quantidades, o que até que tem seu lado bom.

Comecei tomando Dramin B6, que não adiantou nada, mudei pro Plasil, que não fez nenhum efeito e há três dias estou no Vonau (#aloconfeiteira!), que traz um pouco mais de alívio, mas não faz nenhuma mágica. É um comprimido que deve ser dissolvido na ponta da língua e tem um gosto bastante horroroso, que muitas vezes só piora minha náusea.

Hoje, que foi um dia especialmente ruim, já fiquei achando que poderia estar com a tal da hiperêmese gravídica, o problema que acometeu a princesa Kate, mas meu irmão e minha prima, que são médicos, me convenceram que não tenho.

"A ocorrência de náuseas e vômitos ocasionais até cerca de 14 semanas de gestação é chamada emese gravídica, e pode ser considerada normal. Sua forma grave, a hiperêmese, ocorre em 0,3 a 2% das gestações, com vômitos persistentes que obrigam ao jejum forçado e levam à perda de peso. A maior parte das pacientes apresenta melhora a partir da segunda metade da gestação, mas em alguns casos o quadro clínico pode persistir até o parto.

DIAGNÓSTICO DA HIPERÊMESE

  • Vômitos incoercíveis antes de 20 semanas de gravidez.
  • Perda de peso corporal (4% a 10%).
  • Sinais de desidratação grave.
  • Distúrbios hidroeletrolíticos.
  • Cetose.
  • Cetonúria.
  • Alterações laboratoriais"

O que pareço ter mesmo são dois bebês se desenvolvendo bem e fazendo minhas taxas de progesterona irem nas alturas - aliado ao fato de eu ainda estar tomando complemento de progesterona três vezes ao dia!

Agradeço a sorte de estar de férias. Não consigo vislumbrar como seria trabalhar nessas condições. Não estou com vontade de fazer nada, quando vou à rua logo me sinto mal, fico com vontade somente de ficar deitada, durmo de tarde... Mas vai melhorar, eu sei que vai melhorar. Preciso apenas ter um pouco de paciência porque tudo isso vale muito a pena.

sábado, 4 de março de 2017

Tum, tum, bate coração

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Filhos, hoje eu ouvi o coração de vocês. Vocês, que estão com 6 semanas de vida e 6mm e 7mm cada um, ainda são menores que um caroço de feijão, mas já têm um coração batendo dentro de vocês, dentro de mim. Como seu pai falou, hoje eu tenho três corações. Mas acho que tenho bem mais do que isso a medir pelo amor que irradia.

Foram poucos segundos escutando o barulhinho do tum-tum-tum. Queria que o médico tivesse deixado a gente ouvir por 10 minutos. Mas o que ouvimos foi o suficiente para nos deixar aliviados - está tudo bem, vocês estão crescendo, mais do que dobraram de tamanho desde a semana passada, os batimentos estão no ritmo esperado - e nos encher de amor.

Não sei como vou sobreviver sem fazer uma ultra a cada semana, sem ouvir vocês e me certificar de que está tudo correndo bem. Se não fosse passar atestado de neurose, juro que fazia uma ultra a cada sete dias. Mas vamos tentar manter o controle.

"Oi, tum, tum, bate coração
Oi, tum, coração pode bater
Oi, tum, tum, tum, bate coração
Que eu morro de amor com muito prazer
Porque o que se leva dessa vida, coração
É o amor que a gente tem pra dar"

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Um mais um é sempre mais que dois

Sexta-feira, véspera de carnaval e de férias, consegui agendar a ultrassonografia para as 17h. Acabou sendo ótimo, porque o local estava super vazio e foi bem tranquilo. Fui em um centro coberto pelo plano, com um médico indicado por uma amiga e, mal ele começou a fazer o ultrassom, já apareceram de cara duas manchas!





Sim, são dois! Dois! Gêmeos! Dois sacos gestacionais e duas vesículas vitelínicas, com dois embriões ainda muito, muito pequeninos, mas cujos corações já pulsam. Por ser muito cedo, não deu para ouvir os corações, mas pudemos ver na tela uma pulsação. Não fiquei preocupada por não termos escutado os batimentos, pois sabíamos que, com 5 semanas, era muito provável que não fosse possível e o ultrassonografista nos tranquilizou quanto a isso.


Tenho dois seres mais ou menos do tamanho de uma cabeça de alfinete pulsando dentro de mim. Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginava engravidar de dois - como sempre foi tão difícil, achava que, quando conseguisse, provavelmente seria um só. Estou radiante com a notícia, mas com bastante medo também, pois sei que uma gravidez gemelar apresenta mais riscos, especialmente nessa fase inicial.

Estávamos com planos de fazer uma viagem de carro no carnaval, mas esperamos fazer a ultra para ver o que a clínica orientaria. A médica de SP me ligou pouco depois de eu ter enviado o laudo e disse que achava puxado (seriam cerca de 7 horas de carro, é longe mesmo) e, embora não houvesse nenhuma contraindicação médica comprovada, ela sugeria que eu pensasse bem, porque eu poderia me sentir mal na estrada, ou ter alguma intercorrência lá e ter dificuldade para achar socorro. Eu já estava bem insegura com a viagem e, depois da opinião médica, marido se convenceu que não havia porque arriscar mesmo e decidimos ficar no Rio.

Ela me recomendou:

  • Usar repelente;
  • Usar filtro solar;
  • Evitar relação sexual até a oitava semana;
  • Não fazer exercícios físicos;
  • Não pular carnaval;
  • Evitar subir muita escada.
Então meu carnaval está sendo o menos carnavalesco de todos os últimos anos. Eu amo carnaval, mas realmente não vejo porque arriscar ficar horas em pé, debaixo de sol, sem lugar decente pra fazer xixi, me alimentando mal (muito embora isso esteja acontecendo em casa, já explico). Sem dor no coração (só um pouquinho, vai), abri mão de ir ao camarote na Sapucaí no sábado e no domingo - tínhamos ingresso pros dois - e não vi a cor de nenhum bloquinho. 

Para falar a verdade, desde sexta eu comecei a ficar bem enjoada. A sexta, que tinha tudo para ser um dia tranquilo só organizando as coisas pré-ferias, bombou no trabalho e eu com vontade de vomitar no computador, acabei tomando um Dramin B6. E assim continuei no sábado e no domingo, com muito enjoo, até tomar água me dá vontade de vomitar, assim como qualquer comida saudável. Não estou tolerando nenhuma salada e nem legume, as únicas coisas que consigo comer (e ainda assim, pouco), são comidas que deveria evitar, como massas e salgados. Eu, que amo doces, não estou conseguindo comer nada com açúcar - só um pouco de sorvete que alivia o enjoo porque é geladinho. Queria muito estar me alimentando bem, mas está difícil, gente...

Pelo menos as cólicas fortíssimas pararam, de vez em quando só sinto umas bem levinhas, que mal chegam a incomodar. 

Mas não estou reclamando de nada disso, apenas relatando como está sendo esse início pra mim. Na verdade fico até "feliz" de estar enjoada, pois sei que é um sintoma muito comum, especialmente em uma gestação gemelar. É sinal de que meus pontinhos de luz continuam aqui dentro e crescendo. Ontem à noite o enjoo passou e eu, juro, comecei a ficar preocupada. Mas hoje de manhã voltou com força. 

Vou repetir a ultrassonografia na sexta-feira a pedido da clínica. Embora o ultrassonografista tenha pedido para refazer em duas semanas, a médica que avaliou meus últimos exames pediu que eu repetisse essa semana. E claro que vou obedecê-la. Espero que já dê para ouvir os coraçõezinhos. 

Ah, também já marquei obstetra no dia 10 de março. Muito ansiosa por essa consulta.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Cinco semanas e cólica forte com hora marcada

Na madrugada de sábado pra domingo, acordei sobressaltada sentindo uma cólica muito forte. Que me fez chorar de dor. Sabia que podia tomar Buscopan composto, mas não tinha em casa. Marido liga pra farmácia 24h, que primeiro não queria entregar no nosso endereço, e depois disse que só entregava acima de R$ 20 - nervosa e com dor, falo pro marido pedir mais um desodorante, sei lá. Como a dor continuava, liguei pro telefone de emergência da clínica. Como sempre, uma enfermeira atenciosa me disse que era normal e que era pra eu tomar o remédio de 6h em 6h.

A farmácia chegou, tomei o remédio e a dor foi aliviando. No domingo fiquei basicamente de repouso em casa. E de domingo pra segunda tive uma noite tranquila. Mas de segunda pra terça E de terça pra quarta eu acordei na madrugada com cólica fortíssima. De ontem pra hoje eu contei no relógio e durou cerca de 20 minutos a dor intensa.

Na terça de manhã uma médica da clínica me ligou, depois que relatei que quase desmaiei na hora que levantei pra pegar o remédio. Ela me disse que era normal, que até 12 semanas eu posso sentir isso, que se tiver sangramento também é normal. Como só tive a cólica, me tranquilizou. Mas, quando se repetiu pela terceira noite, fiquei assustada e perguntei se não devia antecipar a ultra. Responderam que sim, então vou fazer nessa sexta (24/2) em vez de só dia 2/3. Sei que não devemos conseguir ouvir o coração, mas estou apreensiva com essas cólicas, então prefiro fazer logo.

Quero crer que é apenas meu útero distendendo-se para abrigar meu bebê, mas é que a dor é tão, mas tão forte, que me dá medo de ser algo errado. Não faço ideia de como seja a dor de uma contração de parto, mas se eu tivesse que chutar, diria que são como as dores que senti nas últimas madrugadas. O curioso é que a dor forte aconteceu mais ou menos no mesmo horário nas três noites, como se fosse a cada 24 horas. Quando o pico da dor passa, volto a dormir e fico o dia inteiro bem, somente com cólicas leves vez ou outra, mas bem leve mesmo. Se alguém tiver sentido isso ou souber de alguém que sentiu, me conta?

Comecei a sentir também um pouco de enjôo e estou me policiando pra comer a cada duas horas. Hoje fiz assim e fiquei bem menos enjoada. Continuo indo trabalhar de carro e não de metrô. Pode ser uma precaução boba, mas, depois de tudo que passei, prefiro prevenir.

Ah, era pra eu repetir o beta amanhã, mas fiquei com medo e me antecipei. Fiz hoje o exame e o resultado foi 35.247. Ansiosa pelo que vai dar pra ver na ultra de sexta.

ATUALIZAÇÃO: Na noite passada eu NÃO tive cólica. Estava até com medo de dormir e sentir novamente a dor. Mas consegui dormir bem. Espero que continue assim.






domingo, 19 de fevereiro de 2017

Este é o tempo ansiado de se ter felicidade

Segunda-feira, 13/2, havia decidido fazer o exame de sangue na hora do almoço para que ficasse pronto só no fim do dia e, assim, não tivesse a tentação de ver antes de estar com o marido. Assim o fiz, corri na hora do almoço, o laboratório tava vazio e levei menos de 20 minutos - ninguém nem percebeu no trabalho. Na hora de ir embora, peguei carona com uma amiga, e senti um pouco de cólica, bem leve.

Cheguei por volta das 18h e marido umas 19h30, quando então fomos abrir o site do laboratório para ver o resultado. Cheios de medo, clicamos no último exame e... não estava pronto ainda! Resolvemos então jantar e, depois, entramos de novo, para constatar que ainda estava amarelinho e não havia saído nenhum resultado - nem do Beta HCG, nem da progesterona ou do estradiol, os três hormônios que colhi. Antes de dormir, mais uma olhada, em vão: até 23h não havia nenhum resultado disponível. Rindo de nervoso da minha estratégia falida de fazer o exame na hora do almoço, não nos restou outra opção a não ser ir dormir.

Às 4h, levantei para fazer xixi e marido acordou também. Decidimos dar mais uma olhada no celular e nos deparamos com o número abaixo:

Eu li logo o resultado e falei "está positivo". Mas não consegui acreditar, passei o celular pro marido conferir "vê se é isso mesmo que acho que vi errado". Mas não, não estava errado. Era um positivo, um baita de um positivo. Ficamos incrédulos nos olhando na madrugada, a ficha não tinha caído - e na real ainda não caiu. E o pior: era madrugada de segunda para terça e na terça eu viajaria a trabalho e passaria duas noites fora, não daria nem tempo de curtir direito a notícia. Dali a duas horas eu já acordaria, iria pro trabalho e de lá direto pro aeroporto. E foi o que aconteceu, tirando que eu não consegui dormir, fiquei frenética procurando coisas na internet até umas 6h, quando levantei para me arrumar.

Então todo esse cenário tornou o positivo ainda mais surreal. Na hora do almoço, me ligaram da clínica para dizer que os exames estavam excelentes! E pediram que eu repetisse o Beta na quarta-feira (15/2), o que pra mim seria impossível por conta da viagem. A enfermeira então disse que eu poderia fazer na quinta (16/2) sem problemas.

Passei três dias em estado meio de choque, longe de casa, trabalhando pra caramba, achando tudo totalmente surreal e pensando que depois, quando eu contar pras pessoas, vou dizer "pois é, lá em BH tinha acabado de saber." Fiquei preocupada de dar alguma bandeira entre o pessoal do trabalho, mas acho que ninguém desconfiou de nada - até porque não tinha nada para desconfiar. Continuei sentindo apenas umas cólicas leves em alguns momentos do dia, mas nem cheguei a tomar remédio.

Na quarta, depois do evento, fui até um shopping perto do hotel e comprei, enfim, um teste de farmácia. Meu medo era tanto que não fiz nenhum teste antes do Beta. Depois de tantos xixis no palito nos últimos quatro anos, finalmente as listrinhas com quem tanto sonhei apareceram. Foi muito rápido. Em poucos segundos a segunda listra apareceu bem forte.



Marido estava insistindo para que eu comprasse um teste de farmácia e, curiosamente, parece ter acreditado mais neste do que no próprio exame de sangue. Eu filmei para mandar pra ele a transformação do teste, mas foi tão rápido que o filme ficou bem ruim e não deu pra ver grandes coisas. Mas nossas duas listrinhas estavam lá!



E eu precisava resolver como faria para repetir o beta na quinta-feira. Teria uma reunião na quinta de manhã e meu voo sairia do aeroporto às 14h, chegando no Rio às 15h. Até daria tempo de pegar algum laboratório aberto por aqui, mas seria corrido, eu com mala, mochila com computador etc, seria bem confuso. Com o marido, concluí que o melhor seria fazer em um laboratório por lá. Pesquisei na internet e vi que tinha um bem avaliado a sete minutos de carro do hotel. Como o combinado com duas colegas seria sair às 8h30 para o escritório, daria tempo se eu fizesse tudo bem cedinho. Então acordei 5h45, e às 6h15 já estava no uber indo pro laboratório - ainda fazia noite.

Fiquei com medo de ter fila, mas havia apenas duas pessoas na minha frente e o atendimento foi todo bem rápido. Infelizmente não consegui fazer pelo plano porque tinha somente o pedido por e-mail, e o laboratório não aceitou, mas acabei pagando particular porque o valor era três vezes menor do que no Rio e em São Paulo! Colhi novamente o Beta HCG, estradiol e progesterona.

Às 7h estava entrando de volta no hotel, torcendo muito para não encontrar ninguém do trabalho, porque todo mundo me acharia muito doida de estar chegando de uber a essa hora da manhã. Mas deu tudo certo, ninguém me viu e eu fui direto pro café da manhã. No quarto, lembrei de tirar o band-aid do braço!

O laboratório disse que o Beta sairia às 17h30 da quinta-feira, mas fiquei atualizando loucamente o site e nada! Liguei pra lá umas 18h e pediram que eu saísse e entrasse de novo que todos os resultados estavam liberados. E tcharam:


O valor havia quadruplicado em menos de 72 horas! Se já havíamos achado o valor do primeiro beta bem alto, esse então superou qualquer expectativa. Mas não quis ficar me prendendo muito à possibilidade de uma gestação múltipla, porque na internet tem de tudo: mulher com beta altíssimo e um bebê só, mulher com beta não tão alto e trigêmeos. Somente com o ultrassom vai dar para se certificar.

Na sexta-feira recebi mais uma ligação da clínica e, dessa vez, a enfermeira me disse, com essas palavras: "Seus exames estão excelentes. Está com toda cara de ser mais de um. Mas já tive pacientes com beta alto que não tiveram gêmeos, então tem que esperar o ultrassom de confirmação".

Hoje estou com 4 semanas e 4 dias. Ainda é muito, muito cedo. Na próxima quinta, quando estiver com 5 semanas, vou repetir o Beta. E o ultrassom será feito somente no dia 2/3, quando estiver com 6 semanas. Queria fazer logo, mas estou tentando me convencer de que há chances de não dar pra ver nada e eu ficar frustrada e angustiada.

Agradeço muito, imensamente, a todo mundo que ficou na torcida por mim. Não atualizei o blog antes porque quis ficar com a notícia um pouco só pra gente. Foram tantos anos nessa batalha, ainda é difícil acreditar que seja verdade. Estou num misto de querer gritar para o mundo e não querer falar nada para ninguém por medo e prudência. Mas agora finalmente o sol raiou e os jardins estão florindo, como diz a música de Elton Medeiros que eu tanto amo e com a qual fecho esse post. O meu primeiro post grávida!

ai! ardido peito
quem irá entender o teu segredo?
quem ira pousar em teu destino?
e depois morrer do teu amor?

ai! mas quem virá?
me pergunto a toda hora
e a resposta é o silêncio
que atravessa a madrugada

vem meu novo amor
vou deixar a casa aberta 
já escuto os teus passos
procurando meu abrigo

vem, que o sol raiou
os jardins estão florindo
tudo faz pressentimento
que este é o tempo ansiado
de se ter felicidade.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Socorro não estou sentindo nada


Google : Days of the Week
Essa semana teve tudo isso menos o drink!
Desde a quinta-feira, 2/2, dia da transferência, estou com essa parte da música do Arnaldo Antunes na cabeça. É que esses dias são os mais tensos da vida. Você sabe quais podem ser os principais sintomas do início de uma gravidez, você quer senti-los, mas a verdade é que não está sentindo nada. Ou nada do que gostaria de sentir.

D1 (2/2) - No dia da realização da transferência fiquei o dia todo deitada depois que cheguei ao hotel - levantei só para ir almoçar na cozinha, que ficava a alguns passos de distância. À noite marido comprou um lanche que comemos no próprio quarto. Para não ficar muito tempo em pé, não tomei nem banho (#honestidade), mas tinha tomado de manhã, tá?

D2 (3/2) - As 24 horas de repouso foram completadas ao meio-dia de sexta-feira, quando eu então tomei banho e saímos para almoçar com um casal de amigos em São Paulo. Fomos de uber. Depois andamos um pouquinho até um cinema, onde vimos o filme "Estrelas além do tempo". Andamos mais um pouco depois para lanchar e pegamos um uber pro hotel. Não senti absolutamente nada o dia todo, tirando a tristeza por saber que os dois blastocistos remanescentes não evoluíram. A enfermeira ligou quando estávamos entrando no cinema e, quando ela perguntou "você pode falar um pouquinho?" eu já sabia que a notícia não seria boa. Ela me disse para não ficar triste pois os que implantamos estavam excelentes, mas é claro que tínhamos esperança de que eles pudessem evoluir e ser congelados. Infelizmente não deu.

D3 (4/2) - Dia de voltar para o Rio. Pegamos o voo das 8h10 e antes das 10h já estávamos em casa. No avião senti um pouco de cólica, bem fraquinha. Em casa, dormi até a hora do almoço e à noite fui ao cinema ver "La la land".

D4 (5/2) - Almoço de família e uma ida rápida ao shopping pra comprar um travesseiro. Nenhuma sensação diferente.

D5 (6/2) - Dia de voltar ao trabalho. Até tinha mais folgas para tirar, mas como está um período bem agitado, acabei voltando mesmo. Para evitar as andanças no metrô, decidi ir de carro a semana toda. Sentada no computador de manhã cedo senti um pouco de tontura.

D6 (7/2) - No trabalho senti umas pontadas na hora de fazer xixi pouco antes do almoço. Cheguei em casa me sentindo bem quente e medi minha temperatura, que estava 36,8°. Claro que faz muito calor no Rio de Janeiro, coloquei o termômetro às 18h30 e não deitada logo após acordar como deve ser, mas achei quente.

D7 (8/2) - Medi a temperatura ao acordar (6h28) e estava 36,2°. Quentinha, mas nada que não houvesse acontecido antes e que não pudesse ser "culpa" da progesterona e do estradiol que continuo tomando em doses altas.

D8 (9/2) - Na hora do almoço tomei um café e comi um brigadeiro. Há uma semana que estava sem tomar café e sem comer chocolate, então fiquei me sentindo culpada. Muito embora a clínica não faça nenhum tipo de restrição alimentar, até o álcool eles liberam, só pedem para "não exagerar". Saí do trabalho e fui ao shopping. No trajeto, enquanto dirigida, senti uma pontadas do lado direito e, saindo de lá, fiquei enjoada, mas pode ter sido porque estava com fome.

D9 (10/2) - Cheguei em casa e a temperatura estava 36,9°.  Me sinto bem quente o dia todo. À noite comi um hambúrguer que me deu dor de barriga instantânea. Desculpem por esses detalhes, mas é que, segundo o Google, até diarreia pode ser sintoma de gravidez, então estou registrando tudo. Como estou me alimentando bem a semana inteira, o hambúrguer com o molho super gorduroso pode simplesmente não ter caído bem.

D10 (11/2) - Hoje acordei sentindo uma cólica bem leve. Pouco antes do almoço fiquei meio enjoada - mas novamente pode ter sido a fome.

D11 (12/2) - Depois eu atualizo se sentir alguma coisa amanhã.

D12 (13/2) - Será o dia do Beta, aquele dia que eu mais temo, em que toda e qualquer coragem que eu tenho desaparece. Vou fazer o exame na hora do almoço, pois assim vai demorar mais a ficar pronto e eu não vou ter a tentação de olhar antes do marido. Queremos ver juntos.

Além desses (não) sintomas acima, estou com a garganta bem seca - sabe quando tem horas que você não consegue segurar a tosse e precisa correr para pegar um copo de água? Estou assim a semana toda. E de vez em quando sinto um pouco de dor de cabeça, mas nada insuportável ou que me faça tomar remédio. Também rola um corrimento, que me parece ser totalmente normal por conta da progesterona vaginal, mas às vezes é quase uma água.

Não estou com os seios doloridos ou sensíveis, estão até um pouco mais inchados, mas sei que a medicação faz isso mesmo, das outras vezes foi assim. E tampouco tive qualquer sinal de sangramento de nidação, o sintoma mais esperado a cada vez que vou fazer xixi.

Procurei me alimentar bem a semana inteira. Fiz um cardápio saudável que segui direitinho, com bastante frutas e legumes, e no almoço no trabalho também fui light - tirando o brigadeiro de quarta-feira e o hambúrguer de ontem. Quando pude, evitei subir e descer escadas, mas não foi possível só pegar elevador e escada rolante o tempo todo.

Continuo tomando o Materna, Coenzima, Vitamina D, Vitamina C, além do estradiol 2 vezes ao dia da progesterona 3 vezes ao dia. E é isso. Falta pouco para segunda-feira, o dia que quero que chegue logo, mas, ao mesmo tempo, não sei se quero que chegue.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A transferência

Já passaram-se seis dias desde a transferência e eu ainda não tinha conseguido/tido vontade de escrever. Mas agora estou aqui, não sem antes agradecer a todas pelo enorme carinho - a rede de solidariedade virtual é incrível e ainda me surpreende.

A transferência foi agendada para 11h45 do dia 2 de fevereiro, a última quinta-feira. Como sempre tem que ter um pouco de emoção, quando fui fazer o check-in do voo, que seria na quarta à noite, vi que o voo estava cancelado! E aí, faz o quê? Fica desnorteada por um tempo, mas decide ir pro aeroporto mesmo assim - chega lá e descobre que outros voos vão partir, o temporal havia melhorado em Congonhas, então vai rolar de remarcar e inclusive de antecipar. Mas, cadê que achavam nossas reservas? "Senhora, sua reserva não está no sistema." Embora estivesse no meu celular, não aparecia no balcão da companhia aérea. Nisso, marido, que estava preso num engarrafamento indo direto do trabalho pro aeroporto, chega e tenta resolver, enquanto eu ligo pro sistema de milhagens, fico esperando vários minutos e não sou atendida. Por fim, nossas reservas foram localizadas: o nome tava no lugar do sobrenome e vice-versa. Ufa!

Já estávamos preparados para ir direto pra rodoviária para pegarmos um ônibus - porque não podíamos arriscar um voo cancelado na manhã da transferência, mas acabou dando tudo certo. Chegamos em SP na última ponte e fomos direto pro hostel, onde ficamos num quarto privativo bem tranquilo. A principal vantagem: colado na clínica, tipo a dez passos de distância.

Na quinta-feira acordamos cedo e inventei de ir fazer a unha antes da transferência e marido me acompanhou num salão de beleza pela primeira vez em oito anos e meio. Tínhamos que chegar à clínica uma hora antes do horário agendado e lá estávamos nós, às 10h45, eu já enchendo o copo de água. Como tinha bebido uma garrafinha pequena de água (330ml), tomei mais um copo e uma água de coco de caixinha que me ofereceram na clínica - tudo isso para encher a bexiga e permitir que a transferência seja realizada por meio do ultrassom. A bexiga cheia serve de "guia" - como o útero fica embaixo dela, quando ela está cheia a visualização do útero fica bem melhor e o procedimento ocorre com precisão.

Como essa foi minha quarta transferência embrionária, aprendi que não precisa encher muito a bexiga, como já fiz anteriormente. Porque a bexiga muito cheia faz com que o procedimento seja mais incômodo. A enfermeira vai fazendo um ultrassom abdominal para guiar o médico e ela aperta a barriga para tal, então quando a bexiga tá muito cheia acaba doendo. Não é incomum que mulheres acabem fazendo xixi bem nessa hora!

Não demorou muito para sermos chamados quando chegamos à clínica. Logo subimos para o Centro Cirúrgico e lá coloquei a camisola, a touca de cabeça, os protetores de pé e ficamos esperando. Um tempinho depois a embriologista chegou para nos dar a notícia.

Na terça-feira, dia 31, soubemos que dos oito óvulos fertilizados, sete embriões se formaram, sendo 5 de melhor qualidade (com 6 a 8 células) e dois de menos qualidade (com 5 células).O Na quarta-feira, não tivemos mais notícias, porque, por ser um dia importante de desenvolvimento (D4 para D5), eles não avaliam os embriões. Então foi só na quinta que soubemos que, dos sete embriões, três tiveram seus desenvolvimentos bloqueados, dois chegaram ao estágio ideal de blastocisto expandido e dois chegaram a blastocisto, mas ainda não estavam no estágio ideal, então seriam deixados mais um dia para evoluir. Assim sendo, implantaríamos os dois blastocistos!

Fui andando para a sala do Centro Cirúrgico, acompanhada do marido, e nosso médico logo chegou. Não nos víamos pessoalmente desde setembro, data do nosso último procedimento em SP. Eu já estava deitada na cama (?) ginecológica. Ele fez a limpeza - ao contrário de outras transferências que fiz, a limpeza foi bem rápida e não envolveu água, o que achei mais cômodo. A limpeza é necessária por causa da progesterona vaginal que estou usando e atrapalha a visualização do colo do útero.

Eu nem percebi que, junto com a limpeza, o cateter já havia sido inserido. Pela janelinha (é a mesma coisa em toda as clínicas), a embriologista passou os embriões para o médico, que logo fez a inserção (é um cateter dentro do cateter, bem fininhos e indolores). Logo vimos os pontinhos de luz inseridos no meu útero - ele sinalizou ter colocado bem na parte mais espessa do meu endométrio. Foi tudo super, super rápido.

Quando acabou, o médico ficou falando várias coisas, mas eu não estava prestando atenção porque estava segurando o choro. Quando ele saiu, caí num pranto meio descontrolado. Não queria ter chorado, queria ter permanecido calma, otimista e feliz, mas simplesmente não consegui. Demorei um pouco até conseguir me acalmar.

Após o procedimento, eles pedem que a paciente fique 15 minutos de repouso, deitada, com as pernas dobradas. Como ainda não estava muito apertada para fazer xixi, fiquei quase 45 minutos deitada com a perna dobrada. Só então fomos embora, andei os 20 passos da clínica até o hostel, e fiquei deitada para o repouso de 24 horas solicitado pela clínica - foi a primeira vez que me passaram repouso após transferência.

Pedimos uma comida pelo iFood e saí do quarto até a cozinha do hostel para almoçar. Depois voltei e permaneci deitada pelas próximas 24 horas, levantando só para ir ao banheiro. Fiquei feliz de ter feito repouso, sempre fiquei nervosa de sair da transferência já levando vida normal - fui até liberada para trabalhar diretamente depois.



segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Bate-volta em São Paulo


Após uma cansativa viagem de ônibus na madrugada de sexta pra sábado, chegamos em SP por volta das 6h. Passamos no "hotel" e deixamos as coisas. "Hotel" entre aspas porque era bem caído, mas a localização era excelente: 3 minutos a pé da clínica, onde a coleta do marido estava marcada para 7h30.

Também entregamos todos os documentos e contratos originais que já tinham sido enviados por email. E fomos informados de que fertilização ocorreria no próprio sábado. Soube também que não precisaria fazer mais nenhum exame: ou seja, não haveria necessidade de ficar em SP.

Enquanto tomávamos café em uma padaria daquelas bem paulistanas, recebi uma ligação da clínica dizendo que a transferência será na quinta-feira, 2 de fevereiro (Dia de Iemanjá, trago-lhe oferendas para te ofertar, e sem idolatria, o Olodum seguirá). E que o horário será definido apenas na véspera, dia 1o de fevereiro.

Assim, decidimos voltar pro Rio no sábado mesmo. Junta milha daqui e dali e conseguimos duas passagens pra voltar de avião no fim do dia - chegamos ao aeroporto cedo e ainda conseguimos antecipar a ponte-aérea. No início da noite já estávamos no Rio - a viagem de ônibus é cansativa, mas tranquila. Mas não dá nem pra comparar seis horas com 38 minutos, que é a duração do voo.

Domingo, às 9h em ponto, o telefone toca: era da clínica com a notícia de que os oito óvulos tinham sido fertilizados! Os oito! Cheios de sono, ficamos muito, muito felizes.

A embriologista disse que na segunda eles não entram em contato, mas ligam na terça para falar sobre a evolução do embrião. Acho bem legal esse esquema em que eles dizem o dia certinho que vão telefonar. Assim dá pra controlar minimamente a ansiedade.

Vamos voltar pra SP na quarta à noite para fazer a transferência na quinta - estou chutando que será na parte da tarde.

No sábado comecei também a tomar a progesterona - uma cápsula via vaginal de Utrogestan a cada doze horas. E no domingo entrou o Crinone à noite. O papel da progesterona é contribuir para a manutenção do embrião no útero - ela estimula a proliferação das células do endométrio e impede sua descamação.

Agora é aguardar até amanhã pra ter notícias dos nossos embriões. Respirando fundo, um dia de cada vez.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Porque tem que ser com emoção

Anteontem no fim do dia fiz a ultra. Resultado: endométrio com 9-10mm de espessura, trilaminar e centrado, considerado "uma beleza" pelo médico ultrassonografista. Mandei o laudo pra clínica de SP, mas, como já era depois das 19h, me retornaram ontem por volta das 8h.

Disseram que o resultado da ultra estava excelente e que meu útero já estava "pronto", mas que uma formação cística no ovário esquerdo podia estar liberando hormônios indesejados, por isso pediram que eu fizesse com urgência uma dosagem de estradiol e progesterona.  Eles precisavam do resultado ainda ontem (sexta-feira).

Quando liguei estava indo participar de um evento do trabalho, mas desviei a rota do táxi e fui pro laboratório. Chegando lá, o convênio não aceitou o pedido médico somente por e-mail. Para não perder ainda mais tempo, acabei pagando os exames, com uma dor no coração por tomar uma facadinha desnecessária.

Cheguei atrasada no evento cerca de uma hora, logo meu telefone toca. Saio da sala e era da clínica, pedindo que estivéssemos em São Paulo no sábado para que o marido faça a coleta e os óvulos fossem descongelados e fertilizados. Volta pra sala, finge que está prestando atenção, com a cabeça a mil, querendo resolver todas as coisas, pesquisar passagem etc etc etc. Louvado seja quem inventou o whatsapp, que é uma pentelhação algumas vezes, mas uma verdadeira mão na roda quando se precisa. Deu pra falar com marido, mandar resultados de exames anteriores pra clínica, até dar uma olhada rápida nos sites de passagens (fica a dica para quem quiser inventar um aplicativo/site responsivo realmente bom, porque acho bem pior comprar/pesquisar passagem pelo celular).

Tudo isso com uma sensação permanente de frio na barriga e nervoso. O evento termina, almoça com todo mundo, socializa fingindo que está interessada, volta pra uma reunião e deixa o celular carregando. O dia de trabalho termina, mas ainda havia mais um compromisso agendado com as colegas: visitar o bebê de uma outra colega. Penso se desisto, se vou... mas decido ir, enquanto resolvo mil coisas no celular e tento ver os resultados dos exames feitos hoje de manhã. Claro que ONTEM o laboratório resolveu implantar um novo sistema, que não estava funcionando... Depois de ligar umas três vezes pra lá, somente pelas 19h o resultado saiu (isso porque havia pedido urgência).

E aí a clínica já estava fechada, então liguei pro telefone de emergência e fui atendida por uma enfermeira maravilhosa e muito atenciosa que me tranquilizou dizendo que o estradiol e a progesterona estavam excelentes. Logo depois o médico me respondeu pelo whatsapp dizendo o mesmo - como ele não é muito rápido, liguei logo pro plantão da enfermagem.

A passagem comprada anteriormente foi cancelada - nossos cálculos não se concretizaram. Eles teriam se concretizado se houvesse ainda amostra seminal do marido na clínica. Como não havia, a solução foi correr para SP às pressas. Compramos passagens de ônibus - quase chorei por causa do preço do leito e a moça vendeu pra gente pelo preço do normal.

Cá estamos, após uma cansativa viagem.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O estradiol na preparação do endométrio

Hoje é o oitavo dia do meu ciclo e o sétimo tomando Estradiol (Primogyna). Sua função basicamente é fazer com que o endométrio engrosse - é esse hormônio que atua no período pré-ovulatório e que estou suplementando para garantir um endométrio espesso. Estudos demonstram que o ideal, para uma implantação embrionária bem-sucedida, é que o endométrio esteja com mais de 7mm. Quanto maior que isso, melhor, pois assim o embrião consegue se alojar melhor.

Como já comentei, meu endométrio costuma engrossar satisfatoriamente, mas somente amanhã vou tirar a prova. Farei a primeira ultra no 9o dia do ciclo, torcendo por condições favoráveis e nenhuma surpresa.

Desde domingo à noite, a dose de estradiol dobrou, o que traz uns efeitos colaterais bem chatinhos. Tô dando check em quase todos da bula:
  • Cefaleia: tô tendo dores de cabeças fortes todos os dias.
  • Náusea: lá pelas 18h, bate um enjoo gigante. 
  •  Erupção cutânea: cheia de espinhas, aparecem umas 3 novas por dia no rosto e no colo principalmente.
  •  Dor nas mamas.
  •  Aumento ou diminuição do peso corporal: não me pesei, mas acho que ganhei ums quilinhos e tô me sentindo bem inchada.
Desagradável, mas dá para ir levando. Ansiosa para saber qual será o resultado da ultra de amanhã.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Um balanço de 2016 (e de tudo um pouco)

I SEE!!! 02

Em 2016, eu fiz 15 exames de sangue. Comparado com 2015, até que foi pouco: há dois anos, foram 26 exames de sangue. Em 2014 foram 9 e, em 2013, cinco. Hoje resolvi parar para contar: desde que passei a tentar engravidar, já fiz 55 exames de sangue. Isso para alguém que sempre teve fobia de agulha é um número assombroso. No início, eu sempre agendava a coleta em casa, onde ficava deitada no sofá com uma almofada cobrindo meu rosto, tamanho meu pânico. Depois, quando os exames passaram a ser mais frequentes, comecei a ir até o laboratório acompanhada do marido, não sem antes ter uma pequena crise de medo. Mais pra frente, passou a ser impossível ter sempre a companhia do marido e venci uma barreira que sempre julguei intransponível: fui sozinha ao laboratório. Nunca vou gostar de fazer exame de sangue - alguém gosta? - mas hoje lido muito melhor com isso. Basta respirar fundo e fechar os olhos na hora da coleta. Ainda prefiro quando marido pode me acompanhar, é claro, mas vou sozinha sem dramas - perdi a conta de quantas, dessas 55 vezes, estava sem ninguém, fui na hora do almoço e voltei ao trabalho like a big girl.

No ano passado, foram também pelo menos 17 ultrassonografias transvaginais. Fazendo um cálculo por baixo, desde 2013 já devo ter feito cerca de 70 ultras - não registrei todas dos último quatro anos. É um exame incômodo, mas que costuma ser sempre rapidinho, então para mim não é sacrificante. Prefiro mil vezes do que os exames de sangue e suas agulhas.

365 x 4 dá 1.460, o número de comprimidos de ácido fólico que já tomei nessa vida. Na verdade 1.471, considerando que já estamos no dia 10 de janeiro e que 2016 foi bissexto. Some-se a isso centenas de outros - Clomid, Primogyna, Coenzinma Q10, Vitamina D, Dostinex, Cicloprimogyna, Letrozol e alguns que nem lembro mais - e é possível que essa marca esteja se aproximando dos 2 mil comprimidos. Fiquei até assustada quando fiz essa estimativa! Se tem algo de positivo nisso é que engolir comprimido deixou de ser um martírio para mim. Meu blog é anônimo mesmo, então vamos lá confessar que, além de fobia de agulhas, eu não conseguia engolir comprimidos até pouco tempo atrás. Não sei o que era, mas simplesmente era impossível: eu mastigava, triturava, mas engolir não conseguia, me dava ânsia de vômito, eu engasgava, e não descia. Aos poucos os comprimidos menores começaram a descer e, de tanto tentar, acabei conseguindo engolir outros maiores também. Ainda sofro um pouco com aqueles muito grandes, tipo o Materna, mas é só me concentrar um pouco que vai.

Também não arquivei todas as injeções, mas, a partir de dado momento de 2016, decidi que passaria a guardá-las para registrar. Nunca esqueço da foto impactante que uma mãe postou da sua bebê cercada pelas seringas que tornaram seu nascimento possível. Essa imagem me fez ter tido vontade de guardar tudo para registrar, mas infelizmente já não o fiz. Acho que a foto concretiza um pouco o processo.

Guardei apenas 51 de todas as injeções de medicações que tomei no ano passado. Fazendo uma estimativa também bem por baixo considerando todos meus ciclos iniciados e interrompidos desde 2013, já devo ter passado da marca de 200 injeções. O que é também impressionante não apenas pela enorme quantidade, mas porque, como já falei, sempre tive fobia de agulhas, então não deixa de ser uma superação para mim. Especialmente porque logo no começo eu aprendi a me autoaplicar, mais uma coisa que jamais imaginei ser possível de acontecer. Já saí no meio de reunião correndo pra aplicar uma injeção no banheiro do trabalho. Para a menina que saía correndo era na hora que tinha que tomar vacina, isso é uma mudança e tanto.

O que fica de lição? Um clichê: somos capazes de muito mais do que imaginamos. Essa longa jornada tem sido também uma jornada de autoconhecimento e de superação. Os obstáculos têm sido muitos e eu pareço não conseguir parar de tropeçar. Mas o que vejo é que dá para levantar. E torço para que a linha de chegada esteja cada vez mais próxima.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

É dada a largada

On your mark

Todo mês tenho a sensação de estar como os atletas naquela posição de "pre-pa-ra" antes de cair na piscina ou de começar a correr. O início do ciclo é o alarme ou o tiro que sinaliza o "go". Só que, enquanto o Usain Bolt cruza a linha de chegada em menos de 20 segundos, eu vou tropeçando nos obstáculos lenta e vagarosamente.

Na terça-feira finalmente a menstruação veio, ainda bem fraquinha, então não considerei como meu primeiro dia do ciclo. Ontem o fluxo já ficou intenso, então hoje comecei a medicação. Até sábado tomarei um comprimido por dia e, a partir de domingo, serão dois por dia. Entre quarta e sexta da próxima semana marcarei a primeira ultra, quando será definida a data para fertilização e implantação - se for possível realizá-las nesse ciclo.

O médico não quis prever uma data, então continuamos com as passagens compradas, sabendo que muito possivelmente teremos que antecipar ou postergar a viagem para São Paulo. Vamos aguardar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Rio 40 graus: como se proteger do Aedes aegypti



Quando a epidemia de Zika eclodiu, em meados de 2015, eu já tentava engravidar há dois anos e meio. Fiquei apavorada, obviamente. Conversei com meu médico na época e ele me disse que, se houvesse alguma certeza de que o surto da doença estaria contido dentro de alguns meses ou até anos, ele me diria para aguardar e reiniciar as tentativas então. Porém, como não havia nenhuma garantia desse tipo, o que me sugeria era continuar tentando e me protegendo.

Desde então, uso repelente diariamente. Já foram tubos e tubos do tal repelente que é indicado para gestantes e crianças e que seria mais eficaz contra o Aedes - o Exposis. Lembro que, em 2015, o repelente dessa marca sumiu das prateleiras e encareceu absurdamente. Rolou até um mercado negro. Dei sorte de sempre conseguir encontrar, garantindo meu estoque e o das amigas grávidas e com filhos - o combinado era que, quem conseguisse encontrar, compraria logo vários.

Em 2016, durante o inverno, dei uma relaxada no uso do repelente, mas já retomei com força total desde que os primeiros dias de calor despontaram no Rio. E minha preocupação é proporcional à elevação do termômetro - que, no caso da cidade onde vivo, não para de subir. Só saio para trabalhar de calça, o que significa chegar pingando no metrô e estar sempre suada, o que é deveras desagradável. Porque tem dias que às 8h da manhã o termômetro já está marcando 42 graus. É tenso.

Calças de tecido fino e menos justas são mais adequadas ao calor. Também uso saias longas e macacões quando possível. E não deixo de passar o repelente de qualquer maneira - até porque não consigo sair de calça e blusa de manga comprida, então preciso proteger os braços também.

Acho que não custa nada relembrar algumas dicas para se proteger do mosquito - que devem ser seguidas não apenas por gestantes, mas também por quem está tentando engravidar. Não à toa, a Anvisa passou a exigir que homens e mulheres façam o exame de Zika antes de serem submetidos a tratamentos de fertilização in vitro.

  • Se o mosquito pode matar, ele não pode nascer.
  • Mantenha-se vigilante quanto à limpeza da sua casa, cuidando para que pratinhos com vasos de plantas, lixeira, baldes, ralos, calhas, garrafas, pneus e, até brinquedos, não sirvam de criadouro para as larvas do mosquito.
  • Mantenha-se vigilante quanto à limpeza do seu bairro. Denuncie o acúmulo de lixo e entulho, ou qualquer recipiente que possa abrigar a larva do mosquito.
  • Utilize telas em janelas e portas, use roupas compridas – calças e blusas – e, se vestir roupas que deixem áreas do corpo expostas, aplique repelente nessas áreas.
  • Fique, preferencialmente, em locais com telas de proteção, mosquiteiros ou outras barreiras disponíveis.
  • Ambientes com ar-condicionado e ventilador tendem a ter menos mosquitos, já que eles preferem ambientes quentes e úmidos.
  • Repelentes devem ser aplicados nas áreas expostas do corpo e por cima da roupa;
  • A reaplicação deve ser realizada de acordo com indicação de cada fabricante.
  • Para aplicação da forma spray no rosto ou em crianças, o ideal é aplicar primeiro na mão e depois espalhar no corpo, lembrando sempre de lavar as mãos com água e sabão depois da aplicação. Aqui tem mais orientações sobre uso de repelente.


No site do Ministério da Saúde tem muitas outras informações, assim como no site da Fiocruz, que publicou um Mitos e Verdades interessante.

Acho também fundamental buscar sempre as fontes oficias de informação e evitar acreditar em tudo que vê na internet ou recebe pelo whatsapp.

Nós já estamos com o pedido para fazer o exame de Zika - e confesso um medinho de dar positivo, ainda mais que há casos em que os sintomas da doença não se manifestam. Vamos fazê-lo mais perto de iniciar o tratamento, já que o exame tem validade de apenas 30 dias. O que nos resta a fazer é nos proteger sempre. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Carta às minhas amigas que querem ter filhos

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Eu sou uma mulher que quer ter filho, mas não consegue. Talvez vocês nem imaginem, mas há quatro anos (ou 53 ciclos) travamos uma batalha contra a infertilidade. Uma luta dura, desgastante emocional e financeiramente, que nos fez ingressar num universo que nos era totalmente desconhecido - como acho que seja para a maioria de vocês.

Para uma mulher que não consegue engravidar, dói - e até dá um pouquinho de raiva - saber que a Bela Gil recomenda cortar lactose, glúten e "subir escadas" para "preservar a fertilidade". É óbvio que uma alimentação saudável e a prática de exercícios contribuem para quase tudo nessa vida. Mas me parece óbvio também que ela nunca conviveu com uma mulher com problemas sérios de fertilidade e que esse não é o campo de expertise dela.

Nos últimos quatro anos nossa jornada foi muito longa, com muitos exames, consultas, remédios, hormônios, injeções, tentativas e tratamentos mal sucedidos. E muita tristeza e frustração. Não vou entrar em detalhe de todos os tratamentos pelos quais passamos, caso alguém tenha interesse depois posso explicar melhor.

Resolvi escrever isso (e ainda não sei se enviarei) porque acho que precisamos nos empoderar sobre a fertilidade. Perdi minha virgindade aos 18 anos e vou ao ginecologista regularmente desde os 16 - o que fará 18 anos em março próximo. Nunca, em tempo algum, as médicas conversaram comigo sobre questões de fertilidade. Eu nunca achei que poderia não engravidar. Para mim tratamento de fertilização in vitro era coisa de casal que aparecia na Caras.  Bastaria parar a pílula e alguns meses de tentativa para que eu tivesse o primeiro dos meus 3 sonhados filhos.

Mas a vida me deu uma porrada mostrando que não é bem assim. E eu - falo por mim apenas, que fique claro - gostaria de ter sabido antes sobre as minhas possíveis dificuldades. Gostaria de ter podido me preparar para a infertilidade, de ter pensado nisso antes, de ter tido a possibilidade de, quem sabe, decidir começar as tentativas antes dos 29 anos ou até mesmo de optar por congelar meus óvulos.

O meu problema é o que chamam de "baixa reserva ovariana" ou ainda "falência ovariana precoce". Já ouviram falar sobre isso? Pois eu nunca tinha ouvido até receber o diagnóstico depois de quase dois anos de investigações. Quando nascemos, nossos ovários já vêm "carregados" de milhões de folículos que, ao longo de nossas vidas, serão liberados mensalmente transformando-se em óvulos. Com o passar dos anos, essa reserva vai se esgotando e, no meu caso, está se esgotando um pouco mais rápido do que a maioria das mulheres de minha idade. Isso pode ser um indicativo de que eu vá entrar na menopausa precocemente.

Embora ainda não tenha entrado - tenho ciclos regulares e menstruo todos os meses há quatro anos desde que parei a pílula - minha reserva de folículos já está próxima do fim. Não existe um exame que diga exatamente qual é o tamanho da sua reserva, mas é possível estimar se ela é baixa ou não por meio da dosagem de um hormônio chamado anti-mulleriano. Ele é um indicador de que minha reserva está próxima do fim e que, por isso, meus folículos já não apresentam a mesma qualidade. É como se meu ovário tivesse envelhecido precocemente e fosse equivalente ao de uma mulher mais velha do que eu. E não se sabe o porquê disso - pode ser simplesmente genético ou fruto de alguma intervenção cirúrgica. Os médicos que me examinam sempre perguntam se eu fiz alguma cirurgia no ovário - como não fiz, conclui-se que seja genético, embora não haja histórico sabido de problemas de fertilidade entre as mulheres de minha família.

Enfim, o universo da infertilidade tem muitas variáveis e muitos fatores e não pretendo aqui falar sobre isso. Há tempos que penso em mandar esse email, mas reluto sempre por não querer causar nenhum tipo de "pânico".

O que eu gostaria de fazer é sugerir que pensem mais sobre fertilidade, conversem com seus ginecologistas ou outros médicos, com seus parceiros, se houver. Estamos todas em uma faixa etária em que é preciso falar sobre isso, mas ninguém fala. Penso que parte disso ainda é fruto de um patriarcalismo tão arraigado que sequer discute a possibilidade de uma mulher não conseguir engravidar. Esse é o papel dela e ponto. Nem mesmo os médicos me parecem enxergar de outra forma. E nem estou aqui pensando nas mulheres que não querem ter filhos.

Me entristece ver como a questão é um tabu. Não é mesmo fácil falar, mas acho que não precisaria ser tão difícil assim.

Foi por querer o bem de vocês e por achar mesmo que precisamos falar sobre isso, que resolvi escrever. A última intenção do meu relato é assustar ou ofender alguém. Espero de coração que não se sintam assim. Meu "alerta" é porque não desejo que ninguém passe pelo que estou passando.

Nos últimos quatro anos tive altos e baixos. Tive fases longas de não querer sair de casa para não encontrar ninguém que pudesse me fazer uma pergunta sobre o assunto. Talvez não tenham percebido, mas deixei de ir a alguns eventos ou, quando fui, me forçando a continuar vivendo, fui embora mais cedo ou fiquei me sentindo muito mal. Comecei a fazer terapia, coisa que nunca tinha feito nos meus 33 anos - não por desacreditar, mas por não ter sentido mesmo necessidade. Hoje posso dizer que estou numa fase um pouco mais serena. Mas só um pouco mesmo, porque para quem sempre sonhou em ter filhos e ama crianças como eu, a infertilidade é um pesadelo constante.

Envio abaixo algumas sugestões de leitura para quem tiver interesse. E me coloco à disposição para detalhar mais os processos, caso alguém queira.

Regras de etiqueta para a infertilidade ou o que não dizer para uma mulher que tenta engravidar

22 coisas que todo casal cisgênero deveria saber sobre fertilidade

Como a idade afeta a fertilidade feminina

Teste: mitos e verdades sobre a fertilidade

Guideline para abordagem da infertilidade conjugal da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana

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Escrevi essa carta depois de ter tido um encontro com cerca de 15 amigas muito queridas e de longa data em que, claro, o assunto gravidez surgiu. Dessas 15, apenas três têm filhos e uma está grávida. Todas têm mais de 30, sendo que a maioria tem mais de 35 anos, algumas inclusive já mais perto dos 40. Dado momento, começaram a falar dessa orientação da Bela Gil, o que acabou me irritando. Mas eu, claro, como sempre, fiquei calada, fui na cozinha pegar uma coisa pra beber, fui fazer xixi torcendo pro assunto acabar. E escrevi o texto acima, que ainda não decidi se mando ou não.

domingo, 8 de janeiro de 2017

De olho no calendário

Blooming 2017

Já perdi a conta de quantas vezes eu falei por aqui que nessa vida de FIV não dá pra planejar nada. Mas o que acontece? A gente planeja de qualquer forma. Disse que queria passar o tratamento todo em São Paulo dessa vez. Mas aí o médico me responde dizendo que não havia necessidade.

Porque da menstruação até a implantação, no caso da ovodoação, são cerca de 17 dias. O que seria tempo demais para ficar em São Paulo - sem falar nos gastos extras. Então mudamos a data de ida, em vez de fim de janeiro, iremos no início de fevereiro. Já compramos a passagem de avião para garantir uma promoção e agora é torcer para não ter nenhum impeditivo que faça a gente perder essa ida ou alterá-la pagando mais. 

Segundo o médico, o preparo do útero e do endométrio para a ovodoação é bem mais simples do que para a FIV tradicional. 

  • No segundo dia do ciclo, começarei com 1 comprimido de Primogyna - remédio que inclusive já tenho em casa - por três dias seguidos. Ele esclareceu que devo apenas considerar como o primeiro dia do ciclo aquele em que há fluxo mais intenso.
  • A partir do quinto dia do ciclo, aumentarei o Primogyna para duas vezes ao dia.
  • Entre o 8o e 10o dia de medicação, devo marcar um ultrassom para ver como está o endométrio e, então, decidir a data do procedimento. 
  • Após 10 a 12 dias de Primogyna, adicionarei o Utrogestan e o Crinone - que também já tenho, mas não em quantidade suficiente - por cinco dias, totalizando 17 dias de preparo.

Então, fazendo estimativas e considerando que ficarei menstruada no dia 18 de janeiro conforme o aplicativo está indicando, começarei o Primogyna no dia 18 ou 19/1. No dia 21 ou 22/1, passarei a tomar os dois comprimidos diários. Farei a primeira ultra entre os dias 25 e 27. Entre os dias 27 e 29/1 começarei com Utrogestan e Crinone. 

Os 17 dias estarão completos por volta do dia 3/2 e nossa ida pra SP marcada para o dia 4/2 - retorno agendado para 12/2. Ficaremos 9 dias inteiros por lá, tempo que seria suficiente para marido fazer a coleta e o óvulo doado ser fertilizado e implantado.

Agora vamos ver se esses planos vão ser minimamente cumpridos ou se vão ser totalmente alterados. Com todo meu histórico, já estou totalmente preparada para isso.